Conto de fadas contado pelas redes sociais
O casamento real do Príncipe William e Kate Middleton tem site oficial e é um dos assuntos mais comentados na internet. Cerimônia acontece nesta sexta-feira (29) em Londres
Um casamento real para tempos de austeridade com carruagens puxadas por cavalos, cerimônia na abadia de Westminster e uma "bateria" de câmeras de televisão.
Se você pudesse viajar no tempo veria que a pompa e a ostentação do casamento do príncipe William planejado sob o olhar atento da imprensa global é quase uma réplica perfeita do dia de casamento da sua avó, a rainha Elizabeth, 64 anos atrás.
Ao pesquisar nos arquivos da Reuters pelo dia 20 de novembro de 1947, quando a princesa Elizabeth casou-se com o tenente Philip Mountbatten, é possível ter uma ideia de quão pouco as formalidades dos grandes eventos reais mudou nestes anos, mesmo com grandes mudanças na sociedade e saltos tecnológicos.
Na Inglaterra que William e Kate vão casar só algumas pessoas usam chapéus para trabalhar diariamente, a maioria tem televisão e tem poucas memórias diretas da Segunda Guerra Mundial. Apenas alguns parágrafos das reportagens em 1947 apontam para as diferenças culturais.
"Em épocas normais, terraços seriam erguidos ao longo do percurso", disse o correspondente da Reuters Leslie Haynes em um longo artigo detalhando a procissão prevista.
"Mas a Inglaterra de hoje não tem a madeira e o aço necessário e, de qualquer maneira, não pode investir o trabalho e o tempo de homens para erguer esse tipo de terraços", acrescentou Haynes, referindo-se aos enormes esforços necessários para reerguer a Inglaterra e a sua economia depois da guerra.
Racionamento de comida ainda estava em vigor em 1947, o que significava que as famílias podiam apenas comprar bens de consumo como pão usando cupons impressos pelo governo para evitar escassez de alimentos.
O casamento de William e Kate também foi descrito como um evento para tempos de austeridade, com os britânicos apertando os seus cintos depois da crise financeira. Os dois vão chegar em carros - não em uma carruagem de vidro, como a rainha fez - ainda que os recém-casados vão retornar ao palácio de Buckingham em uma carruagem aberta.
Os arquivos também dão acesso a um mapa mundial bem diferente, evocando os momentos finais do império britânico com referências que eles usavam para países e locais - como Tanganyika - nomes hoje que estão intrinsecamente ligados à história colonialista do país.
Uma das reportagens detalha como "Pandit Nehru", primeiro ministro da Índia, que tinha conseguido a independência da Inglaterra meses atrás, foi às compras com o ministro da saúde do país para escolher um presente de casamento para Elizabeth.
A maior parte do restante da cobertura tem algo familiar. "Planos detalhados estão sendo criados para a cobertura do casamento pelas organizações de notícias, rádio e fotografia... Isso vai gerar ao mundo um dos mais completos registros de um único evento na história da Inglaterra", escreveu Haynes em 1947.
Como emissoras de todo mundo estão prontas para a cobertura 24 horas online pela televisão, pelo rádio ou impressa, o comentário de 1947 segue válido para o casamento desta semana.