Uma combinação da crise alimentar e da desaceleração econômica global fez com que mais de 1 bilhão de pessoas passasse fome em 2009, informaram agências da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, confirmando a perspectiva pessimista divulgada neste ano.
A Organização para a Agricultura e Alimentos (FAO, na sigla em inglês) e o Programa Mundial para a Alimentação (WFP, na sigla em inglês) disseram que 1,02 bilhão de pessoas --cerca de 100 milhões a mais do que no ano passado-- estão subnutridas em 2009, maior número em décadas.
"A alta no número de pessoas famintas é intolerável", disse o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, durante a divulgação do relatório anual sobre a fome no mundo.
"Temos os meios econômicos e técnicos para fazer a fome desaparecer, o que está faltando é uma vontade política mais forte para erradicar a fome para sempre", disse.
O aumento no número de famintos não é resultado de problemas na produção agrícola, mas sim dos altos preços dos alimentos - particularmente em países em desenvolvimento - menor renda e perda de empregos.
Mesmo antes da recente crise alimentar e da recessão econômica, o número de desnutridos cresceu constantemente por uma década, revertendo o progresso obtido na década de 1980 e no início da década de 1990.
No ano passado o WFP elevou para 5 bilhões de dólares o montante necessário para alimentar os pobres, num momento em que os preços dos alimentos entre 2006 e 2008 geraram protestos violentos em alguns países.
Até o momento, neste ano, a entidade recebeu 2,9 bilhões de dólares e reduziu a ração de alimentos e suas operações em lugares como Quênia e Bangladesh.