O magnata da mídia Rupert Murdoch chegou a Londres neste domingo para lidar com o escândalo das escutas telefônicas que envolve um de seus jornais, abalou os meios políticos britânicos e pode levá-lo a ter de firmar um acordo multibilionário.
O australiano Murdoch, de 80 anos, dirigiu-se à sede de seu império, no leste de Londres, de onde saiu a última edição do News of the World - o jornal mais vendido do país e que ele fechara horas antes, em uma tentativa de conter a crise. Não ficou claro de quais reuniões Murdoch iria tomar parte nas próximas horas.
Mais conhecido por suas chamadas de capa sensacionalistas que expunham a vida pessoal dos ricos, famosos e membros da família real britânica, o News of the World saiu na edição deste domingo com um simples "Obrigado & Adeus", estampado sobre uma montagem de algumas de suas mais famosas chamadas em 168 anos de vida.
Para os admiradores, o tabloide era parte do ócio dos domingos; para os críticos, havia se tornado um símbolo da baixeza irresponsável na mídia britânica.
"Toda a vida humana estava aqui", declarou o News of the World em um suplemento especial para marcar sua última edição.
Murdoch parecia estar a ponto de obter na semana passada a firme aprovação de um prêmio desejado: a compra da rede de TV britânica por satélite BSkyB. No entanto, as revelações de que escutas telefônicas realizadas a mando de jornalistas do News of The World tinham ido além da vida das celebridades e incluíram parentes de vítimas dos atentados de 2005 em Londres, e de soldados mortos em ação, causaram ampla irritação na opinião pública.
O editor Colin Myler disse a um grande número de repórteres concentrados diante da redação do jornal que ele lamentava profundamente seu fechamento.
"Isto não é onde nós queríamos estar e não é onde nós merecemos estar, mas como tributo final a 7,5 milhões de leitores, isto é para vocês e para a equipe, obrigado."
O escândalo levantou questões sobre as relações entre políticos, incluindo o primeiro-ministro David Cameron - que havia contratado um ex-editor do jornal como seu assessor e conselheiro -, e os barões da mídia, como Murdoch, que é o presidente e executivo-chefe da News Corp.
O caso também trouxe à tona acusações de que jornalistas do império de Murcoch e outras pessoas pagaram ilegalmente à polícia para obter informações. Um dirigente da polícia disse que a força policial de Londres tinha sido "muito afetada" por sua falha em não levar adiante uma investigação prévia sobre escutas telefônicas relacionadas ao News of the World.