O presidente eleito do Egito, o islamita moderado Mohammed Mursi começou a fazer consultas nesta segunda-feira para a formação de sua equipe e de um governo de coalizão, segundo um assessor.
Mursi, candidato da Irmandade Muçulmana, foi declarado no domingo o vencedor do segundo turno da eleição presidencial dos dias 16 e 17. Foi a primeira disputa presidencial livre da história moderna do Egito.
Mursi obteve 51,7% dos votos, segundo a comissão eleitoral do Egito. O general e ex-premiê Ahmed Shafiq, ligado à junta militar que comanda o país, ficou com 48,3% dos votos.
A campanha foi muito polarizada, com um islamita se opondo a um ex-oficial do regime que, temia-se, poderia dar continuidade ao governo autocrático de Hosni Mubarak, deposto no ano passado.
Muitos apoiaram Mursi como um representante do levante popular que derrubou o regime anterior e uma oportunidade de desafiar os militares. Mas Morsi também é temido por grupos de jovens que participaram do movimento e lutavam por um Estado secular democrático e pela minoria cristã do país. A segunda etapa da corrida presidencial foi boicotada por mais da metade dos eleitores.
A vitória de Mursi, o primeiro civil a conquistar a presidência egípcia, é tida como um feito surpreendente para um grupo islâmico que passou a maior parte de suas oito décadas de existência como uma organização obscura visada por sucessivos regimes. Em discurso no domingo, Mursi prometeu que será um "presidente para todos os egípcios".
Mursi, de 60 anos, enfrentará agora uma disputa de poder com os governantes militares que assumiram após a queda de Mubarak e que recentemente tomaram para si boa parte das atribuições do futuro presidente.
Os generais, que prometeram transferir o poder para um presidente eleito até o dia 1° de julho, alegam que a medida foi necessária para preencher o vácuo de poder e garantir que ninguém monopolize as decisões até a elaboração de uma nova Constituição.
Dois dias antes do segundo turno, um tribunal egípcio dominado por juízes indicados pelo antigo regime dissolveu o primeiro Parlamento democraticamente eleito do país, dominado por islamitas, inclusive da Irmandade Muçulmana. A medida tornou a junta militar também responsável pelas obrigações legislativas. Com a dissolução do Parlamento, ainda não se sabe onde Mursi será empossado. As informações são da Associated Press.