O presidente do Egito, Mohamed Mursi, decretou ontem estado de emergência de 30 dias nas cidades de Port Said, Ismailiya e Suez, localizadas ao longo do Canal de Suez. A região foi palco dos piores episódios de violência no país neste fim de semana, que culminou na morte de mais de 45 pessoas.
O decreto foi anunciado por Mursi em um pronunciamento na tevê. Nele, o presidente informou ainda que a partir de hoje as cidades terão toque de recolher. No domingo, dezenas de milhares de egípcios foram às ruas de Port Said para protestar contra o presidente. Na ocasião, os manifestantes realizaram um funeral em massa das 37 pessoas mortas nos confrontos de sábado, que ocorreram depois de alguns manifestantes atirarem contra os policiais, que, por sua vez, teriam reagido com gás lacrimogêneo.
Ontem, os embates entre a polícia e a população continuaram, marcando o quarto dia de violência no Egito. Ao todo, três pessoas morreram e mais de 400 ficaram feridas. O pior distúrbio, porém, ocorreu no sábado, em Port Said, quando 33 pessoas morreram durante protestos contra a decisão da Justiça do país, que condenou 21 pessoas à morte pelo papel desempenhado no tumulto em um estádio de futebol no ano passado, que deixou 74 mortos.
Massacre
O massacre em Port Said ocorreu em uma partida entre os times do Al Ahly e do Al Masry, sendo considerada a maior tragédia em um estádio de futebol no Egito. Os confrontos de sábado ocorreram depois que familiares e amigos dos suspeitos da tragédia tentaram invadir a prisão onde estavam os acusados. Após a repressão dos policiais, houve uma reação violenta da multidão.
Os confrontos em Port Said aconteceram um dia depois dos protestos contra o governo de Mursi, durante o dia do aniversário de dois anos da revolta que levou à queda do regime Mubarak. Ao menos nove pessoas morreram.
Adversários de Mursi têm saído às ruas em todo o Egito desde quinta-feira acusando o presidente e seus aliados de traírem a revolução que derrubou o presidente Hosni Mubarak, em 2011.
A violência dificulta a tarefa de Mursi de consertar a economia e esfriar os ânimos do país antes da eleição parlamentar, prevista para os próximos meses.
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