O Tribunal Penal do Cairo, no Egito, condenou nesta terça (21) o presidente deposto Mohammed Mursi a 20 anos de prisão por incitação à violência, sequestro e tortura durante protestos contra seu governo em dezembro de 2012.
Irmandade Muçulmana critica condenação de Mursi a 20 anos de prisão
A Coalizão Nacional para a Defesa da Legitimidade, liderada pela Irmandade Muçulmana, classificou nesta terça-feira como “nula” e de “ordem dos militares” a condenação do ex-presidente islamita Mohammed Mursi a 20 anos de prisão.
“As ordens militares emitidas hoje em forma de sentenças judiciais contra o presidente Mursi e sua equipe presidencial são nulas porque a Justiça se tornou uma marionete em mãos da autoridade militar”, explicou a aliança em comunicado divulgado em sua página no Facebook.
A coalizão, que inclui grupos islamitas opositores ao sistema político atual no Egito, denunciou que o processo jurídico foi uma “farsa” e acusou o exército de utilizar a Justiça para se vingar de seus adversários.
No texto, os integrantes reafirmaram que seu principal objetivo é “ativar o movimento revolucionário para derrubar o golpe de Estado e libertar a pátria”.
Esta é a primeira condenação da Justiça egípcia ao líder islamita, retirado do poder em julho de 2013 por militares comandados pelo atual presidente Abdel Fattah al-Sisi, que iniciou uma repressão à Irmandade Muçulmana após tomar posse.
Além de Mursi, outros membros do movimento islamita, considerado terrorista pelo governo egípcio desde dezembro do ano retrasado, receberam a mesma pena pelos mesmos crimes. Dentre eles, os líderes Mohammed el-Beltagy e Essam el-Erian.
Eles e mais três integrantes estavam em uma jaula dentro do tribunal para ouvir a sentença, que foi transmitida ao vivo pela televisão estatal. Os islamitas, porém, foram absolvidos da acusação de homicídio, o que poderia levá-los à pena de morte.
Após a leitura do veredicto, os condenados fizeram o sinal de quatro dedos com as mãos, em referência ao gesto feito pelos partidários da Irmandade Muçulmana durante os protestos, e gritaram “Allahu Akbar” (Deus é maior, em árabe).
Os condenados e seus aliados negam as acusações. “Este julgamento foi uma paródia da Justiça, roteirizada e controlada pelo governo e com total falta de embasamento em provas”, disse Amr Darrag, ex-ministro do Planejamento de Mursi.
Protestos
A condenação se deve à influência de Mursi na repressão aos protestos ocorridos contra seu governo em dezembro de 2012, quando o mandatário islamita mudou a lei para expandir seus poderes para governar por decreto.
Ele justificou a medida como uma forma de evitar a pressão da Justiça, ainda controlada por magistrados aliados do ex-ditador Hosni Mubarak, que deixou o poder em 2011. Os atos terminaram com dois manifestantes mortos.
Mursi ainda é acusado por outras mortes em manifestações convocadas por movimentos liberais e aliados da antiga ditadura em meados de 2013, pouco antes de ser derrubado pelos militares liderados por Sisi.
Para o atual presidente, a Irmandade Muçulmana é parte de uma rede terrorista que ameaça o Oriente Médio e o Ocidente. O movimento islamita, por outro lado, afirma ser pacífico e espera voltar ao poder em uma nova eleição.
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