3 de julho deste ano foi quando o Exército do Egito depôs o então presidente Mohammed Mursi, que agora enfrenta acusações de incitar assassinatos. Desde que foi tirado do poder, ele está detido em um local não revelado.
Compromisso
O secretário de Estado americano, John Kerry, disse ontem que os Estados Unidos estão comprometidos em trabalhar com os governantes interinos do Egito. Ele deu as declarações durante sua primeira visita ao país após os militares derrubarem o presidente Mohammed Mursi. "Estamos comprometidos em trabalhar e vamos levar adiante nossa cooperação com o governo interino", afirmou Kerry a jornalistas, pedindo por "eleições inclusivas, livres e justas".
Local
Uma alta autoridade judicial egípcia disse que o local do julgamento do ex-presidente Mohammed Mursi, programado para ter início hoje, mudou para uma academia de polícia em um bairro no leste do Cairo. A mudança ocorreu por causa de temores de violência no local inicialmente designado, uma academia de polícia em um bairro no sul do Cairo. Apoiadores de Mursi haviam convocado protestos em massa do lado de fora do local inicialmente escolhido.
O primeiro presidente do Egito escolhido em eleições livres, Mohammed Mursi, vai a julgamento hoje, após operações das forças de segurança terem esfacelado o grupo que o apoia, a Irmandade Muçulmana, e levantado o temor de que o atual governo, apoiado pelos militares, estaria reeditando o Estado autoritário.
Com a revolta popular que derrubou Hosni Mubarak em 2011, a esperança era que o egípcios acabariam com a influência dos militares no governo.
No entanto, os percalços da transição no país mais populoso do mundo árabe trouxeram os generais de volta ao poder, para a surpresa dos aliados ocidentais do Egito.
Mursi, derrubado pelo Exército em 3 de julho, após protestos de rua contra o seu governo, deve comparecer ao tribunal com 14 outras lideranças da Irmandade Muçulmana, sob a acusação de incitar a violência.
Eles podem ser condenados à prisão perpétua ou à pena de morte se considerados culpados, o que aumentaria ainda mais a tensão entre os integrantes da Irmandade e o governo, e aprofundaria a instabilidade política que tem prejudicado o turismo e o investimento num país onde um quarto das pessoas está abaixo da linha de pobreza.
Quando os militares derrubaram Mursi, foi prometido um plano para conduzir o país a novas eleições livres. Contudo, o que se viu foi um dos mais duros esquemas de repressão já montados contra a Irmandade, que, por sua vez, recusou o convite para participar do governo interino e exige a volta de Mursi ao poder.
Em agosto, a polícia de choque, com apoio de atiradores do Exército, acabou com os protestos de rua que defendiam a o retorno do presidente deposto.
Autoridades do governo atual acusam a Irmandade de estimular a violência e o terrorismo. Centenas de integrantes do movimento foram mortos e muitos dos seus líderes, presos. A Irmandade nega ligações com atividades violentas.
O local em que Mursi está preso não foi revelado. O julgamento deve acontecer num instituto policial perto de uma prisão no Cairo.
As acusações de incitar a violência estão relacionadas com a morte de dezenas de pessoas em confrontos do lado de fora do palácio presidencial em dezembro, depois que Mursi irritou os adversários com um decreto que aumentava os seus poderes.