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Drogas

Museu do narcotráfico na cidade de El Chapo causa indignação no México

Joaquín “El Chapo” Guzmán é transferido na Cidade do México após ser preso, em janeiro de 2016 (Foto: EFE/José Méndez)

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A proposta de criar um museu do narcotráfico no município de Badiraguato, onde nasceu Joaquín “El Chapo” Guzmán, está causando polêmica no México, sobre a qual os dirigentes do partido governista Movimento Nacional de Regeneração (Morena) se mostram divididos.

“Eu absolutamente não compartilho, e rechaço enfaticamente, a ideia de construir um museu do narcotráfico em Badiraguato”, escreveu o governador de Sinaloa, Rubén Rocha Moya, do Morena, em sua conta no Twitter nesta quinta-feira (3).

A polêmica começou na véspera, quando o prefeito de Badiraguato, José Paz López Elenes, também do Morena, propôs uma consulta pública para instalar um “Museu do Narco” na cidade com um investimento de cerca de 15 milhões de pesos (cerca de R$ 3,8 milhões).

O prefeito argumentou que o museu impulsionaria o desenvolvimento econômico do município, que tem menos de 10 mil habitantes e fica a cerca de 80 quilômetros de Culiacán, capital de Sinaloa.

“Não podemos negar nossa história, temos que reconhecê-la e com base nisso vamos trabalhar, é possível ter um museu do narcotráfico, não estamos fechados a nenhum assunto”, disse López Elenes à imprensa.

Na década de 2010, a luta contra os cartéis no México foi marcada pela captura em 2014 do poderoso Guzmán, por sua fuga de uma prisão de segurança máxima um ano depois por um túnel e, finalmente, por sua nova e última prisão em Los Mochis, Sinaloa, em janeiro de 2016.

No entanto, a figura de El Chapo, que cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos por tráfico de drogas desde julho de 2019, ainda faz parte do imaginário cultural dos mexicanos e foi reforçada com séries de televisão e a comercialização de diversos produtos.

Sobre o possível museu, o prefeito de Badiraguato também disse que ouvirá especialistas para analisar o que recomendam expor no local.

“Não estamos fechados a nenhum assunto, se nos orientarem que será benéfico para o município de Badiraguato ter um museu da droga, também o promoveremos do governo”, acrescentou.

A polêmica se intensificou porque no último final de semana o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, visitou Badiraguato pela quarta vez em meio a críticas da oposição, que o acusa de ter encontros com o Cartel de Sinaloa.

“Há uma campanha nas redes de que estou indo para Sinaloa, para Badiraguato, para me encontrar com membros do Cartel de Sinaloa. Bem, não, vou para Sinaloa porque é um estado de gente boa, de gente trabalhadora , que não deve ser estigmatizada”, argumentou o presidente na segunda-feira (31).

Por sua parte, o governador Rocha Moya, próximo do presidente, comentou nesta quinta-feira que Badiraguato, onde também nasceu, “se distingue historicamente pela sua vocação para o trabalho, a bondade e a lealdade do seu povo” e “esses valores característicos prevalecem sobre qualquer insidiosidade que busque estigmatizar esta nobre terra”.

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