O restaurado Museu Nacional do Iraque foi inaugurado formalmente nesta segunda-feira (23) e terá suas portas reabertas ao público nesta terça, quase seis anos depois de ter antiguidades e tesouros de valor inestimável saqueados durante o caos que se seguiu à invasão do país liderada pelos Estados Unidos.
"Foi uma época sombria que o Iraque atravessou", disse o primeiro-ministro Nuri al-Maliki durante cerimônia solene realizada hoje no museu. "Este santuário das civilizações já sofreu o bastante com a destruição."
O evento ocorreu na véspera da abertura do museu ao público, nesta terça-feira, um acontecimento considerado pelas autoridades como outro marco no lento retorno de Bagdá à estabilidade após anos de derramamento de sangue.
O museu tem uma seção dedicada às antiguidades que foram saqueadas, mas posteriormente devolvidas ou recuperadas, disse Abdul-Zahrah al-Talqani, diretor de mídia do gabinete de assuntos turísticos e arqueológicos do Iraque.
"Pusemos fim ao vento negro (da violência) e demos início ao processo de reconstrução", disse Al-Maliki a centenas de funcionários e guardiães da rica herança cultural do país.
O museu - que antes contava com um dos maiores acervos de artefatos abrangendo a idade da pedra, época bíblica e auge da cultura islâmica de todo o mundo - foi devassado durante o pandemônio posterior à queda de Saddam Hussein.
O Exército dos Estados Unidos, que representava na época a única autoridade na cidade, foi muito criticado internacionalmente por não ter protegido o acervo do museu.
Calcula-se que cerca de 15.000 peças do acervo tenham sido roubadas durante o vácuo de legalidade que se instalou com a queda de Bagdá. Destas, cerca de 8.500 foram recuperadas. Diversos países vizinhos devolveram ao Iraque artefatos do museu apreendidos em suas alfândegas.
No entanto, cerca de 7 mil peças ainda não foram encontradas, entre elas 40 ou 50 consideradas de grande importância histórica, de acordo com o braço cultural das Nações Unidas, a Unesco.
Dados alarmantes
A violência em Bagdá diminuiu muito desde a invasão, mas os ataques persistem. Nesta segunda, pistoleiros realizaram uma emboscada contra um posto de controle do exército no oeste de Bagdá, provocando a morte de três soldados americanos e de um intérprete iraquiano e ferindo outras oito pessoas, segundo a polícia e os funcionários dos hospitais.
O ataque aparentemente tinha como alvo uma patrulha policial, mas errou seu objetivo numa rua movimentada do centro de Bagdá.
Perto da cidade de Mossul, no norte do país - considerada a última fortaleza urbana da Al-Qaeda no Iraque - mais de 100 suspeitos de insurgência foram detidos como parte de uma ofensiva lançada na semana passada sob a liderança do Iraque, disse o general de brigada Saeed Ahmed al-Jibouri. Ele descreveu as investidas do exército como "uma guerra de inteligência militar, e não de atrito", com forças especiais realizando ataques concentrados na busca de suspeitos listados em listas de mais procurados.
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