Ao mesmo tempo em que enterra seus mortos, a Itália vive neste domingo (28) um dia solidário. Toda a renda obtida com bilheteria pelos museus estatais do país neste primeiro dia semana será doada para ajudar as vítimas da tragédia. Além disso, pessoas formam fila na cidade de Turim para comer espaguete all’amatriciana, prato típico de Amatrice, um dos municípios mais atingidos pelo terremoto da última quarta-feira (24) que, segundo o último balanço, deixou ao menos 290 mortos.
O ministro italiano da Cultura, Dario Franceschini, disse que 293 construções com importância cultural foram afetadas pelo tremor, em sua maioria igrejas. Esses locais desmoronaram ou foram seriamente danificados. Franceschini pediu aos italianos que visitem em peso os museus neste domingo “como um sinal concreto de solidariedade” com as vítimas.
Na região Norte, em Turim, 80 voluntários preparam incontáveis pratos de pasta all’amatriciana a para arrecadar fundos que serão destinados também aos afetados pelos tremores. Segundo o jornal Corriere della Sera, também há versões do prato sem bacon, para atrair inclusive vegetarianos. A venda dos pratos não tem um valor único estabelecido. As pessoas doam quanto podem e muitos chegam a deixar até notas cinquenta euros, diz o periódico.
Na semana que passou, diversos restaurantes de Roma, como Meo Patacca, Da Vittorio e Taverna dei Mercanti, também anunciaram que iriam doar 2 euros de cada prato de espaguete all’amatriciana servido: um euro é doado pelos clientes, outro pela casa.
Papa quer visitar zonas atingidas
O Papa Francisco anunciou, neste domingo, que deseja ir “o mais rapidamente possível” às zonas afetadas pelo terremoto que deixou ao menos 290 mortos no centro da Itália, para consolar os sobreviventes.
“Desejo renovar minha proximidade espiritual com os habitantes de Lácio, Marcas e Úmbria, duramente afetados pelo terremoto nestes últimos dias”, declarou o pontífice argentino durante a oração do Angelus, diante de milhares de fiéis reunidos na praça de São Pedro. “O mais rapidamente possível, eu também espero ir para vê-los e dar pessoalmente o consolo da fé, a ternura de um pai e de um irmão e o apoio da esperança cristã”, acrescentou o pontífice.
Caem chances de encontrar sobreviventes
A busca por vítimas chegava quase ao fim neste domingo na Itália, enquanto diminuíam as esperanças de encontrar sobreviventes entre os escombros dos povoados do centro do país devastados por um terremoto que deixou ao menos 290 mortos.
Quatro dias depois do terremoto, as autoridades tentam, agora, avaliar os danos e organizar a vida dos habitantes da região nos próximos meses. Ao menos 2,5 mil pessoas perderam suas casas no terremoto.
“Nos preparamos para o inverno. (...) Vamos passar o inverno aqui. A princípio em barracas de campanha e, depois, espero que em casas pré-fabricadas”, disse à AFP um sobrevivente, Emidio Chiappini, abrigado em uma barraca da Defesa Civil.
O chefe de governo, Matteo Renzi, reiterou no sábado (27), durante os funerais de 35 vítimas, que o governo faria de tudo para ajudar os afetados.
As autoridades italianas também dedicaram 60 milhões de euros em fundos de urgência, aos quais se somam 10 milhões em doações. Ao mesmo tempo, iniciam-se as investigações para determinar a razão pela qual o terremoto causou tanta morte e destruição, quando as normas antissísmicas nesta região de claro risco estão em vigor há mais de 45 anos. Será apurado agora se houve falhas em garantir a segurança dos prédios que caíram e se alguém pode ser responsabilizado criminalmente pelas mortes ocorridas.
A investigação focará em algumas das construções, como a de uma escola primária em Amatrice que desabou mesmo após uma reforma que prometeu preparar o prédio para resistir a terremotos e que custou 700 mil euros (cerca de R$ 2,5 milhões).
O tremor, de magnitude 6.2, atingiu três cidades medievais na Itália central e destruiu, além de casas, construções erguidas há séculos.
A noite deste sábado para domingo foi relativamente tranquila na região atingida. Pela primeira vez desde quarta, não foram registradas réplicas do terremoto, que foram bastante frequentes nos últimos dias.
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