O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, deve renunciar em dois dias ou se preparar para enfrentar um processo de impeachment, de acordo com informações divulgadas neste sábado (16) por um membro do alto escalão do partido governista. As declarações foram feitas enquanto autoridades estão discutindo a elaboração de um esboço de acusações contra o combatido líder paquistanês.
"Musharraf está correndo contra o relógio", disse Qureshi, membro do Partido do Povo do Paquistão, um dos grupos da coalizão. "Se ele não se decidir pela renúncia nos próximos dois dias, o processo de impeachment deve seguir seu curso". Tariq Azim, um membro sênior do principal partido de apoio de Musharraf, disse que o presidente não deveria renunciar. "O presidente Musharraf está confiante quanto à possibilidade de se defender no Parlamento e derrotar as acusações facilmente porque o que quer ele tenha feito, ele o fez atendendo aos interesses do país e pela nação", declarou hoje Azim.
Comentários feitos pelo ministro de Relações Exteriores, Shah Mahmood Qureshi, se somaram às crescentes pressões que pairam sobre o ex-chefe do Exército, mas aliados de Musharraf insistiam que o presidente não pretendia renunciar e que estava se preparando para combater as acusações que podem levá-lo ao impeachment, que, segundo ele, são absurdas. Aliados e opositores do presidente afirmaram que conversas de bastidores estavam em andamento para evitar o processo de impeachment que poderia abalar ainda mais a moral pública.
Segundo informações transmitidas pela imprensa local, representantes da Arábia Saudita estão tentando mediar o impasse mas essa interferência não foi confirmada. No entanto, autoridades afirmaram que diplomatas de países ocidentais e muçulmanos estão se encontrando nos últimos dias para discutir o assunto. O processo de impeachment contra Musharraf deve incluir acusações de violações constitucionais e má conduta. Integrantes da coalizão não revelavam as especificidades do processo, embora tenham afirmado que a sua decisão de destituir juízes e impor uma lei de emergência no ano passado poderia ser as bases dessas acusações.
Eles afirmaram que o esboço do documento de acusações ainda dependia de uma aprovação final, mas que o texto poderia chegar ao Parlamento no início da próxima semana. A decisão de saída de Musharraf depende do que os seus oponentes se mostrarem dispostos a lhe oferecer em troca - particularmente, se lhe darão imunidade legal contra processos futuros e se vão deixá-lo permanecer no país. Há divergências na coalizão governista sobre esses pontos.
Como a PF costurou diferentes tramas para indiciar Bolsonaro
Cid confirma que Bolsonaro sabia do plano de golpe de Estado, diz advogado
Problemas para Alexandre de Moraes na operação contra Bolsonaro e militares; assista ao Sem Rodeios
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Deixe sua opinião