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Paulo Franco ao lado das bailarinas Manu, Andrea e Luciana | Roney Domingos/G1
Paulo Franco ao lado das bailarinas Manu, Andrea e Luciana| Foto: Roney Domingos/G1

Os dez brasileiros deportados da Turquia após serem vítimas de uma suposta quadrilha de tráfico humano chegaram na noite desta sexta-feira (11) ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, oriundos de Istambul, de onde saíram durante a manhã após o que o líder do grupo classificou como um resgate diplomático.

"De certa forma traz felicidade sim estar pisando em solo brasileiro, mas não é essa palavra que eu usaria. Estamos aliviados. A gente passou por bastante aperto lá", afirmou o diretor do grupo Gafieira Brasil, Paulo Franco.

Os músicos foram convidados a trabalhar na Turquia e segundo Paulo Franco trocaram e-mails por mais de dois meses com um empresário turco antes de preparar a viagem.

Paulo Franco e os outros nove artistas viajaram no início de maio para Bodrum, na costa asiática da Turquia, onde fariam uma série de apresentações de danças brasileiras e de capoeira em hotéis. O contrato de seis meses previa um salário mensal de US$ 10 mil, com até duas apresentações por dia.

Logo que chegou ao país, Franco disse que entregou o contrato para ser assinado e o pedido de visto de trabalho ao diretor da empresa turca que os contratou, Önder Bayran, que não teria assinado os papéis. Além disso, os artistas teriam sido hospedados inicialmente em condições precárias e não receberam nenhuma parte dos salários.

De acordo com o cônsul-geral do Brasil em Istambul, Michael Monteiro Gepp, o grupo foi vítima de um golpe que é cada vez mais comum no país, praticado por uma organização criminosa com braços no Rio e em São Paulo.

"Existem em São Paulo agências de modelos fantasmas. São essas pessoas que administram a ida de grupos de dançarinos para o exterior. Tivemos provas disso há coisa de dois meses, quando um grupo de capoeiristas sofreu o mesmo tipo de golpe, não receberam nada do combinado, mas pegaram avião de volta e chegaram sãos e salvos no Brasil", afirma o cônsul.

O cônsul-adjunto do Brasil em Istambul foi enviado a Bodrum para acompanhar o grupo, que, após denunciar o caso à polícia, ficou detido por não aceitar entregar os passaportes para serem deportados. Segundo o cônsul, o Ministério das Relações Exteriores turco foi acionado, e ficou acertado um período para que eles pudessem deixar o país. "Todos estão saindo [da Turquia] de cabeça erguida, sem o carimbo de deportação", disse Gepp.

Ainda assustado com o que aconteceu, o responsável pelo grupo teme falar sobre o que passou no país. "A unica coisa que posso dizer no momento é que conseguimos salvar nossas vidas! Mas só me sinto seguro em falar tudo o que passamos aqui neste últimos dias desde que denunciei o caso estando no Brasil. Não sabemos direito com quem estamos lidando", afirma Paulo Franco.

Segundo o diretor do grupo, ao chegar ao Brasil os artistas ainda enfrentarão outro problema: como muitos são de fora de São Paulo e contavam com o cachê que receberiam pelas apresentações, não têm como retornar a suas cidades. "Não recebemos nada e o que tínhamos de reserva acabou faz tempo", lamenta.

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