Se o eleitor americano desconfia que a reta final da campanha à Casa Branca seria marcada por baixarias, pode pelo menos suavizar o tom das críticas de Hillary Clinton e Donald Trump com fundo musical. É o que artistas famosos se comprometeram a escrever e divulgar faixas inéditas para cada um dos 30 dias que antecedem o pleito, em 8 de novembro. Mas o movimento não esconde: trata-se de um posicionamento artístico contra o candidato republicano.
O projeto “30 Days, 30 Songs” — 30 dias, 30 músicas — divulga diariamente uma nova canção por “músicos engajados em uma América livre de Trump”. Na dianteira do projeto está o romancista Dave Eggers e o empresário do ramo do entretenimento Jordan Kurland. A ideia partiu do escritor, atônito ao ouvir trilhas de Bruce Springsteen, Elton John and The Who em um comício do milionário em Sacramento.
“É o terceiro projeto em que eu e Dave Eggers trabalhamos juntos em torno de uma eleição presidencial”, contou Kurland. “O objetivo primário deste ano, assim como em 2012, quando lançamos o “90 Days, 90 Reasons” (90 dias, 90 razões), é levantar a preocupação e, esperamos, a urgência entre eleitores mais jovens.”
O dinheiro arrecadado com a iniciativa será revertido ao Centro de Democracia Popular, organização dedicada à agenda racial, pró-trabalhador, pró-imigrante, cuja pauta também abraça a justiça econômica.
Nesta sexta-feira, os organizadores liberaram pelo YouTube a quarta música do projeto: “Same Old Lie” (A mesma velha mentira, na tradução), composta por Jim James. Até aqui, Death Cab for Cutie estreou o rol de canções contra Trump com “Million Dollar Loan” (Empréstimo de US$ 1 milhão). Em seguida, Aimee Mann lançou “Can’t you tell?”. Depois, foi a vez de Bhi Bhiman de alfinetar o empresário, nas notas de “With Love, From Russia”.
O fundador da revista pornográfica Hustler, Larry Flynt, ofereceu nesta segunda-feira um milhão de dólares a quem lhe entregar gravações de Donald Trump nas quais o candidato republicano pronuncie palavras “degradantes” sobre as mulheres e com as quais incorreria em conduta “ilegal”.
“Sempre celebrei as mulheres. As mulheres de todas as formas e tamanhos. Tratar uma mulher como Trump tem feito é decepcionante e incrível ao mesmo tempo, particularmente da parte de quem quer ser presidente”, declarou o sempre provocativo editor e empresário americano.
Flynt afirmou em um comunicado estar “horrorizado com a hipocrisia dos nossos legisladores, que querem dizer aos americanos como devem viver suas vidas enquanto na vida privada realizam atividades que condenam publicamente”.
O candidato republicano à Casa Branca “afirma que ‘ninguém respeita mais as mulheres do que ele’, apesar de todas as provas em sentido contrário e Flynt se impôs a tarefa de por em evidência estes hipócritas”, acrescentou o comunicado.
Larry Flynt lembra que já tinha feito esta oferta em 2007 por documentos que revelaram relações sexuais ilícitas de um “membro prominente da administração pública” e em 1998 durante o processo de destituição do presidente Bill Clinton em pleno escândalo Monica Lewinsky.
Com 73 anos e em uma cadeira de rodas após uma tentativa de assassinato em 1978, Flynt, cuja revista Hustler completou 40 anos há dois, fez da liberdade de expressão seu cavalo de batalha. Ao longo de sua carreira, foi perseguido por pornografia, ultraje à bandeira nacional, difamação e por provocar “dano emocional”.
Após a divulgação de um vídeo de 2005, no qual Donald Trump se vangloria de tocar as partes íntimas das mulheres sem o seu consentimento, aumenta a pressão para que se divulguem outras gravações, em particular as do programa “O Aprendiz”, que o candidato apresentava.