Líderes da minoria tártara na Crimeia se reuniram neste sábado para condenar a anexação da região pela Rússia e apelar para organismos internacionais por um reconhecimento da autonomia do grupo. Os tártaros, etnicamente turcos e majoritariamente muçulmanos, foram alvos de uma deportação em massa promovida pelo líder soviético Josef Stalin em 1944.
O fórum realizado neste sábado contou com 250 delegados e rejeitou qualquer possibilidade de participação em um governo russo na Crimeia. Segundo o censo mais recente da Ucrânia, de 2001, os tártaros somam quase 245 mil pessoas, respondendo por 12% da população da Crimeia. Entretanto, evidências de uma alta taxa de natalidade entre o grupo e o retorno de muitos exilados que estavam na Ásia Central nos últimos anos sugerem que esse número pode ser muito maior.
"Recentemente, todas as decisões da Rússia foram baseadas no pressuposto do direito de cada nação de autodeterminação. Assim, é lógico concluir que o povo tártaro da Crimeia também tem esse direito", comentou o líder do governo tártaro na península, Refat Chubarov. Ele também apelou para que a comunidade internacional reconheça seu povo como uma "autonomia territorial nacional", apesar de não anunciar um referendo sobre a independência dos tártaros ou uma possível aliança com a Ucrânia.
A Rússia e o governo local da Crimeia têm assegurado que os direitos dos tártaros serão inteiramente respeitados. O idioma deles será reconhecido como uma das três línguas oficiais da região e existem promessas vagas de uma maior participação política do grupo. Mas os tártaros, que governaram a península entre os séculos 15 e 18, são céticos quanto às intenções de Moscou.
"A Ucrânia também não era nossa casa, mas pelo menos era uma democracia. Nós, como um povo nativo dessa terra, não devemos colaborar com um poder ocupante", disse Ilver Ametov, um dos delegados que participou do congresso tártaro.
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