No dia 13 de janeiro, a população de Taiwan vai às urnas escolher quem presidirá o país até 2028, e um vizinho está muito interessado nessa disputa: a China, que nos últimos anos acentuou operações militares na região e inflamou sua retórica com o objetivo de anexar a ilha.
Taiwan é um país independente, administrado separadamente da China desde 1949, quando os nacionalistas, derrotados pelos comunistas na guerra civil chinesa, se refugiaram na ilha. Porém, Pequim considera Taiwan uma província rebelde, que precisa ser reincorporada até o fim do conflito completar cem anos, em 2049.
Na eleição de janeiro, a atual presidente, Tsai Ing-wen, não poderá concorrer por já ter cumprido dois mandatos consecutivos. Durante sua gestão, ela adotou um discurso de forte oposição à ameaça chinesa, ao denunciar incursões no espaço aéreo de Taiwan, atrair mais ajuda militar dos Estados Unidos e colocar a autonomia da ilha como um dos assuntos mais importantes da geopolítica mundial recente.
Seu candidato será seu atual vice-presidente, William Lai, que promete manter essa política. Entretanto, a oposição tem outros planos e prega uma aproximação com Pequim.
A China esperava que os oposicionistas se unissem numa candidatura única, para terem mais chances contra Lai, mas isso não ocorreu: a principal legenda oposicionista, o Partido Nacionalista (KMT), e o Partido Popular de Taiwan (TPP) terão cada um o seu candidato.
Outro oposicionista, Terry Gou, fundador da gigante de tecnologia Foxconn, desistiu da disputa na semana passada.
O TPP, cujo presidenciável é Ko Wen-je, ex-prefeito da capital Taipei, disse que pretende manter melhores relações com a China, assim como o KMT, o segundo maior partido do Parlamento taiwanês.
Durante um fórum de desenvolvimento econômico nesta segunda-feira (27), o candidato da legenda à presidência, Hou Yu-ih, disse se opor à “independência de Taiwan”.
“Temos de reduzir o risco de guerra e criar uma situação em que todos ganham”, afirmou Hou. “A independência de Taiwan só levará à guerra.”
O oposicionista prega a necessidade de “estabilização da paz regional e através do estreito”, em referência ao trecho do Mar da China Meridional que separa Taiwan da China. Sua plataforma são os chamados “Três Ds”: dissuasão, diálogo e desescalada nas relações com Pequim.
Seu candidato a vice, Jaw Shaw-Kong, é ainda mais explícito no apoio à China: filho de pais chineses, ele já foi descrito como “um fundamentalista da unificação” dos dois países, embora negue o rótulo de apoiador do Partido Comunista Chinês (PCC). “É simples, só queremos paz”, afirmou.
Jaw já declarou que não acredita que a China invadiria Taiwan. “O povo chinês não luta contra o povo chinês”, afirmou, deixando claro seu ponto de vista de que os dois países são um só, apenas administrados separadamente.
Frustrada por não ver uma oposição unificada em Taiwan, a China provavelmente agora apostará suas fichas no KMT, principalmente pelo candidato da legenda a vice-presidente, afirmou Lev Nachman, cientista político da Universidade Nacional Chengchi, à Voz da América, agência financiada pelo governo dos Estados Unidos.
“Jaw será alguém para quem Pequim vai olhar e dizer: ‘Agora, podemos endossar essa chapa para valer’”, afirmou.
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