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| Foto: ALBERTO PIZZOLI/AFP

Com uma cerimônia solene marcada pela dor, a Itália prestou homenagem neste sábado às vítimas do terremoto que devastou três populações de montanha, causando a morte de quase 300 pessoas.

A cerimônia, que é celebrada na cidade de Ascoli Piceno, contou com a presença do presidente da república, Serio Mattarela, e do primeiro-ministro, Matteo Renzi, assim como de familiares e amigos das vítimas de Arquata del Tronto, uma das aldeias devastadas pelo terremoto de quarta-feira.

O evento, o primeiro ato oficial pelas vítimas, aconteceu no estádio esportivo de Ascoli Piceno, uma cidade não muito distante do local da tragédia, que foi transformado em capela.

Trinta e cinco caixões, colocados sobre um tapete azul, estavam cobertos com coroas de flores com lírios brancos e rosas.

Entre eles, destacava-se um branco, o de Giulia, uma menina de 9 anos cujo corpo protegeu o de sua irmã, Giorgia, de 5 anos, uma das últimas pessoas encontradas com vida sob os escombros em Pescara del Tronto.

“Nossos sinos voltarão a repicar”, declarou o bispo Giovanni D’Ercole durante a missa fúnebre, da qual participaram centenas de pessoas.

“Não temam gritar pela dor, mas tampouco percam a esperança. Reconstruiremos juntos nossas casas, nossas igrejas”, declarou.

Comovido, Renzi e a mulher evitaram dar declarações e se limitaram a abraçar os familiares das vítimas no final da cerimônia.

Fora do estádio, em um silêncio sepulcral, a cerimônia foi transmitida em telões, enquanto parentes das vítimas sentados junto aos caixões se abraçavam e choravam.

Algumas famílias decidiram não participar da missa e enterraram seus mortos em privado.

Entretanto, as equipes de resgate continuavam retirando corpos dos escombros.

A Itália decretou dia de luto nacional, as bandeiras foram hasteadas a meio-mastro e a rádio e televisão pública RAI suspendeu os anúncios de publicidade em todos seus programas como sinal de luto.

Buscas dia e noite

Poucas horas antes da cerimônia, o presidente Mattarela visitou a pequena aldeia de Amatrice, emblema da devastação, de cujos escombros foram retirados 230 mortos.

As equipes de resgate trabalharam a noite toda e conseguiram retirar três novos corpos sob os acúmulos de pedra do Hotel Roma, onde dormiam cerca de 50 pessoas.

Mattarella elogiou “o esforço extraordinário” que as equipes de resgate fizeram na “zona vermelha”, aonde os meios de comunicação não têm acesso e onde somente restam ruínas.

Outra cerimônia, sem corpo presente, foi organizada na quarta-feira para honrar as vítimas de Accumoli e Amatrice, as outras duas aldeias arrasadas pelo devastador terremoto.

Mais de 1,3 mil réplicas foram registradas desde a madrugada de quarta-feira, gerando pânico entre os sobreviventes e as equipes de resgate, que temem novos tremores.

A ponte que conduz a Amatrice foi fechada na sexta-feira por novas rachaduras, obrigando as equipes de resgate a construir um desvio com rolos compressores e evitar que a aldeia fique incomunicável.

Segundo os dados dos satélites do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), o solo baixou cerca de vinte centímetros nesta região.

Muitas das vítimas eram turistas e crianças que passavam férias com seus avós que residem na região.

A Defesa Civil anunciou que cerca de 2,5 mil pessoas ficaram sem teto e passam as noites nas 42 barracas de campanha instaladas.

Após a tragédia, a Itália se questiona sobre o custo humano dos terremotos e sobre a falta de uma política para evitá-lo.

Mais de 24 milhões de italianos vivem em zonas de risco sísmico, e o país carece de uma cultura de prevenção, reconheceu o governo.

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