No dia seguinte ao assassinato de um padre na França, o papa Francisco considerou que o mundo atravessa uma “guerra de interesses, dinheiro”, mas, segundo ele, não de religiões. Em seu primeiro discurso em Cracóvia, na Jornada Mundial da Juventude, ele chamou os poloneses a “superar seus medos” e acolher “aqueles que fogem da guerra e da fome”, abordando imediatamente a questão dos refugiados, assunto delicado para Varsóvia.
Antes da aterrissar em Cracóvia para ser recebido pelo presidente Andrzej Duda e uma pequena multidão entusiasmada, o pontífice falou a bordo do avião do assassinato do padre francês de 86 anos, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico.
“Este santo sacerdote que morreu quando oferecia uma oração por toda a Igreja” é vítima de uma “guerra fragmentada”, declarou Francisco aos repórteres que o acompanharam desde Roma.
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Leia a matéria completa“Fala-se tanto de segurança, mas a palavra verdadeira é guerra. O mundo está em guerra porque perdeu a paz. Quando falo de guerra, falo de uma guerra de interesses, de dinheiro, de recursos, não de religiões. Todas as religiões querem a paz”, afirmou na viagem que o levou para a Jornada Mundial da Juventude.
“Depois de muito tempo, o mundo está em uma guerra fragmentada. A guerra que foi a de 1914, depois a de 39-45, e agora esta. Ela pode não ser a mais orgânica, mais organizada, mas é a guerra”, ressaltou.
Pouco depois de sua chegada na Polônia, o papa se dirigiu ao castelo real de Wawel, onde falou às autoridades do país, insistindo que o “complexo fenômeno migratório requer um suplemento de sabedoria e misericórdia para superar os temores e fazer o maior bem possível”.
Tal como o seu antecessor polonês João Paulo II, ele não hesitou em referir-se aos problemas sensíveis do país, com o risco de indispor seus líderes.
Neste sentido, ele também pediu que as causas do fenômeno da migração sejam identificadas, que se facilite a volta dos atingidos, que se dê solidariedade e liberdade e, principalmente, que se “dê testemunho com os fatos dos valores humanos e cristãos”, acrescentou.
O governo conservador de Beata Szydlo recusa-se a receber os migrantes, em nome da segurança.
Comentando diante das câmeras de televisão seus 30 minutos a sós com o papa, o presidente Duda assegurou que eles não conversaram sobre a questão dos migrantes.
“Cada um ouviu as palavras do Santo Padre, só posso repetir o que eu sempre digo: Somos um país fundado em valores e não recusamos oferecer ajuda a ninguém. Se alguém quer vir para cá, especialmente se é um refugiado, fugindo da guerra, ele certamente vai ser bem-vindo”, afirmou Duda.
Mas “não estamos de acordo com a ideia de que devemos impor à população da Polônia pessoas pela força”, acrescentou, em uma alusão ao sistema de quotas de migrantes da UE, rejeitado por Varsóvia.
JMJ
O principal objetivo da visita do papa é o encontro com centenas de milhares de jovens católicos de todo o mundo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Dezenas de milhares de estrangeiros entusiastas estão chegando há vários dias nas dioceses polonesas antes de convergir para Cracóvia.
Mas a multidão pode ser muito menor do que a esperada por causa de temores de ataques.
Mais de duzentas mil pessoas participaram na terça-feira da missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude, segundo o chefe da Polícia Nacional, Jaroslaw Szymczyk, enquanto os organizadores esperavam meio milhão.
O papa irá visitar na quinta-feira o Santuário mariano de Czestochowa e sexta-feira o antigo campo de concentração de Auschwitz, onde cerca de 1,1 milhão de pessoas, um milhão de judeus, foram assassinadas pelos nazistas alemães.
A visita deve ser concluída com a tradicional vigília de oração no sábado e a missa de domingo, com uma noite para os jovens sob as estrelas.
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