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O empresário Miguel Mora tornou-se o quinto candidato opositor à presidência da Nicarágua a ser preso, segundo informou o governo local nesta segunda-feira (21), a menos de cinco meses das eleições gerais, nas quais o ditador Daniel Ortega disputará uma nova reeleição.
Mora foi preso pouco antes da meia-noite de ontem por supostamente violar a Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação pela Paz, que sanciona atos considerados como "traição".
Segundo um comunicado da Polícia Nacional, Mora "está sendo investigado por praticar atos que atentam contra a independência, a soberania e a autodeterminação, incitar à ingerência estrangeira nos assuntos internos, solicitar intervenções militares, organizar-se com financiamento de potências estrangeiras para a realização atos de terrorismo e desestabilização".
Além disso, também está sendo investigado por supostamente "propor e administrar bloqueios de operações econômicas, comerciais e financeiras contra o país e suas instituições, exigindo, exaltando e aplaudindo a imposição de sanções contra o Estado da Nicarágua e seus cidadãos, e ferindo os interesses supremos da nação".
A emissora "100% Noticias", da qual Mora é proprietário, informou que a polícia quebrou janelas para entrar na casa do empresário, que foi levado algemado para a prisão.
Repressão pré-eleitoral
Jornalista de profissão, Mora é o quinto candidato da oposição preso pela polícia da Nicarágua, após a detenção de sua colega jornalista Cristiana Chamorro, dos acadêmicos Félix Maradiaga e Arturo Cruz e do economista Juan Sebastián Chamorro.
Os candidatos presidenciais foram detidos em meio a uma onda de prisões de líderes da oposição que inclui ainda dois ex-vice-chanceleres, dois ex-guerrilheiros sandinistas dissidentes, um ex-líder empresarial, um banqueiro, quatro ativistas e dois ex-trabalhadores de ONGs.
Esta é a segunda vez que o governo Ortega prende Mora desde os protestos antigovernamentais de abril de 2018.
Em dezembro daquele ano, as autoridades nicaraguenses confiscaram a emissora de televisão de Mora, a quem prenderam junto com sua chefe de redação, Lucía Pineda. Ambos os jornalistas foram libertados da prisão em julho de 2019.
A onda de prisões de líderes da oposição continuou ao longo do mês de junho, apesar das críticas da comunidade internacional.
Caso conquiste a terceira reeleição consecutiva nos pleitos do próximo dia 7 de novembro, o sandinista Ortega garantirá seu quarto mandato de cinco anos e o segundo com sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente.