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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta terça-feira (20), durante seu discurso na 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o fim da guerra "irracional" contra as drogas que, segundo ele, está destruindo a floresta amazônica e prejudicando seu país.
"Eu exijo daqui, da minha América Latina ferida, o fim da guerra irracional contra as drogas. Reduzir o consumo de drogas não precisa de guerras, precisa que todos nós construamos uma sociedade melhor", disse Petro em seu primeiro discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas como presidente colombiano.
O governante de esquerda declarou que "a guerra às drogas fracassou" e que, além disso, "fracassou a luta contra a crise climática".
"Vocês querem menos drogas? Pensem em menos lucro e mais amor. Pensem em um exercício racional de poder. Não toquem a beleza do meu país com seus venenos, ajudem-nos, sem hipocrisia, a salvar a floresta amazônica para salvar a vida da humanidade no planeta", acrescentou.
Durante seu discurso, o presidente colombiano afirmou que "a floresta que se tenta salvar é ao mesmo tempo destruída" e deu como exemplo o uso do herbicida glifosato para erradicar plantações ilícitas na Colômbia.
"Para destruir a planta de coca, jogam venenos, glifosato em massa que corre pelas águas, prendem seus plantadores e os encarceram. Por destruir ou possuir a folha de coca, um milhão de latino-americanos são assassinados e dois milhões de afrodescendentes são presos na América do Norte", detalhou.
Nesse sentido, Petro qualificou de "hipócrita" o discurso dos países desenvolvidos para salvar a Amazônia, que "arde enquanto vocês fazem guerra e brincam com ela".
"Quando as ações eram mais necessárias, quando os discursos não serviam mais, quando era essencial depositar dinheiro nos fundos para salvar a humanidade, quando era necessário se livrar do carvão e do petróleo o mais rápido possível, inventaram uma guerra e outra e outra. Invadiram a Ucrânia, mas também o Iraque, a Líbia e a Síria. Invadiram em nome do petróleo e do gás", criticou.
Petro destacou ainda que "o desastre climático vai matar centenas de milhões de pessoas" e que sua causa principal é “o capital", assim como "a lógica de nos relacionarmos para consumir cada vez mais, produzir cada vez mais, e para que alguns ganhem cada vez mais."
O presidente colombiano propôs que recursos da comunidade internacional fossem utilizados para salvar a floresta, em uma espécie de troca de "dívida pela vida, pela natureza".
"Se não têm capacidade de financiar o fundo para a revitalização das florestas, se pesa mais destinar dinheiro para armas do que para a vida, então reduzam a dívida externa para liberar nossos próprios espaços orçamentários e com eles realizar a tarefa de salvar a humanidade e a vida no planeta. Podemos fazer nós mesmos, se vocês não quiserem", enfatizou.