Por dois anos e meio, o barão mexicano do narcotráfico Joaquín "El Chapo" Guzmán viveu em confinamento solitário – praticamente sem permissão de se comunicar com o mundo exterior.
Agora, Guzmán está supostamente mostrando sintomas de ansiedade e privação de sono, e sua equipe de defesa fez vários pedidos para o juiz distrital dos EUA Brian Cogan no início deste mês: duas horas de exercícios ao ar livre toda semana, a mesma comida e bebida que outros detentos recebem, permissão para comprar seis garrafas de água por semana e protetores de ouvidos.
"Essa privação de luz solar e ar fresco, durante um período excessivo de 27 meses, está causando cicatrizes psicológicas", disse a carta da equipe de defesa, segundo a CNN. Eles disseram que as condições são uma "punição cruel e incomum", uma violação à Oitava Emenda da Constituição dos EUA.
Os promotores federais não se convenceram.
De acordo com novos arquivos judiciais obtidos pela CNN, o governo se opôs a todos os itens acima e alegou que o pedido era parte de um estratagema para uma fuga da prisão ou para silenciar testemunhas que estão cooperando.
Jeffrey Lichtman, um dos advogados da equipe de defesa de Guzmán, disse que a resposta da acusação é "literalmente histérica".
O famoso prisioneiro não cometeu infrações na prisão desde sua detenção, disse ele, "mas agora, simplesmente porque pediu um pouco de água engarrafada e um pouco de ar fresco, ele é acusado de tramar uma ousada fuga da prisão, apesar de zero provas".
Fugas anteriores da prisão
Em fevereiro, promotores federais conseguiram uma condenação contra o chefe do Cartel de Sinaloa por administrar o negócio de tráfico de drogas. Durante os três meses do julgamento, testemunhas – incluindo seu ex-guarda-costas – falaram em depoimento sobre assassinatos horríveis ordenados e executados por Guzmán. Em uma ocasião, ele supostamente atirou em um membro do cartel rival e depois enterrou a vítima viva.
Guzmán, 61 anos, enfrenta múltiplas sentenças de prisão perpétua; ele será sentenciado em tribunal federal em 25 de junho.
Até lá, o governo solicitou que Guzmán fosse mantido em detenção restritiva.
"Espero que a Agência Federal de Prisões se preocupe com o acesso à comunicação de El Chapo; seus telefonemas, acesso a e-mails e cartas provavelmente serão monitorados com mais rigor do que nos casos comuns de prisão por posse de drogas", disse Deborah Golden, advogada do Human Rigths Defense Center, ao Washington Post em fevereiro. Na verdade, a condenação de Guzmán levou a especulações generalizadas de que ele seria alojado na ADX, a prisão de segurança super-máxima em Florence, Colorado.
As solicitações de Guzmán estão sendo examinadas porque ele fugiu de prisões no passado. Ele escapou de duas prisões mexicanas de segurança máxima – em 2001, com a ajuda de guardas da prisão e, em 2015, através de um túnel debaixo do chuveiro em sua cela.
"Uma fuga pelo telhado, usando um helicóptero ou qualquer outro meio semelhante seria rudimentar em comparação", escreveu o promotor em sua resposta ao tribunal. Para aumentar a preocupação do governo está a fracassada tentativa de fuga da prisão em 1981, quando um detento arranjou um helicóptero para fugir pelo pátio de uma prisão em Lower Manhattan.
A defesa tem uma semana para responder.
Guzmán não tem permissão para receber ligações telefônicas não monitoradas ou receber correspondência, disse Lichtman, e seus advogados são as únicas pessoas com quem ele pode se comunicar.
"Porque um detento tentou escapar da prisão há 30 anos via helicóptero, Joaquin Guzmán está planejando fazer o mesmo?" perguntou ele no sábado. "Qual de seus advogados passou a mensagem para seus co-conspiradores para planejar essa fuga?"