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Opinião

Na rota dos furacões, brasileira fala da mudança de rotina provocada pelo Wilma

Lá vamos nós outra vez, na ansiedade da espera de mais um furacão a nos atingir na Flórida. Quem aqui pensou que filas eram coisa do passado, dos tempos em que morávamos na ‘terra brasilis’, está redondamente enganado. Temos filas para comprar placas de madeira para tapar as janelas da casa, temos filas para abastecer o carro e temos filas para comprar água e comida enlatada.

As placas de proteção nas janelas são necessárias. Não que o vento sozinho possa quebrar os vidros, mas pode lançar contra a casa objetos que vão funcionar como mísseis. Imagine um coco, ou galho de árvore, ou cadeira de jardim, atingindo a sua casa a 100, 150 ou 200 km/h. E uma vez que uma janela se quebre, a chuva entra, arruinando tapetes e mobília, ou pior, o vento entra, fazendo tal pressão dentro de sua casa que levanta o telhado, de dentro para fora.

Da água precisamos porque, depois do furacão, pode faltar água potável e energia, que em geral acaba logo com os primeiros ventos e aí, adeus geladeira. Como aqui quase todos os fogões são elétricos, adeus também à comida quentinha! Por isso as pessoas precisam dos enlatados. Depois que a energia volta, ninguém quer nem olhar para uma lata de sardinha ou para um pão com manteiga de amendoim e geléia, muito popular por aqui. Como em todo lar americano a cafeteira é elétrica, as pesssoas saem nas ruas logo depois da tempestade, mesmo não sendo seguro — imagine, postes de luz e árvores no chão, nenhum sinal funcionando nos cruzamentos —, desesperadas por uma caneca de café! Após a tempestade a energia pode levar até três semanas para voltar. Imagine a situação!

Nessas horas é que se dá valor a um fogão a lenha e a um bom e velho coador de pano, pode crer.

Como falta a energia, os postos de gasolina ficam fechados por dias depois da passagem de um furacão, por isso a necessidade de encher o tanque do carro com antecedência. Quem pode, tem um gerador em casa. Este sim, bebe muita gasolina, fora o barulho que faz. Um horror!

Então, o segredo da sobrevivência é estar preparado. Basta olhar para as formigas, trabalhando freneticamente antes do temporal, e para os passarinhos, comendo como se houvesse "no mañana".

Em 10 anos morando aqui em Palm Beach, na Flórida, nunca havia enfrentado um furacão. De repente, em 2004, peguei logo dois num intervalo de apenas três semanas. Agora estamos esperando o terceiro. Valha-nos Deus! E como em matéria de Américas furacão não é mais exclusividade daqui do sul dos Estados Unidos e do Golfo do México, alô, Santa Catarina! Te cuida, povo amigo, e Deus os livre e guarde!

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