Soldados sírios bateram de porta em porta em várias cidades do país nesta segunda detendo diversas pessoas, numa campanha de intimidação cujo objetivo é esmagar o movimento que contesta o autoritário regime do presidente Bashar al-Assad.

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Rami Abdul-Rahman, chefe do Observatório de Direitos Humanos da Síria, disse que centenas de pessoas foram detidas somente nos dois últimos dias. "As prisões continuam da cidade sitiada de Deraa até o norte do país, passando pelos subúrbios de Damasco", disse.

Assad está determinado a esmagar a revolta, que já dura seis semanas e que começou em Deraa e rapidamente se espalhou pelo país, de 23 milhões de habitantes. Grupos de direitos humanos dizem que pelo menos 545 sírios foram mortos desde o início do levante, em março.

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Agora, os protestos, antes inimagináveis, representam o mais sério desafio às quatro décadas de governo da família Assad, em um dos países mais repressivos do Oriente Médio. "Parece que as autoridades tomaram um decisão não declarada de sufocar o levante usando meios militares e de segurança", disse Abdul-Rahman, que mora em Londres.

Deraa, cidade prejudicada pela seca, está sitiada há uma semana, desde que o governo enviou tropas apoiadas por tanques e francoatiradores para conter os protestos. O fornecimento de eletricidade e de combustível foi cortado e os militares praticamente isolaram a área.

"Eu nunca fiquei com tanto medo na minha vida", disse um morador de Deraa que fugiu na noite de ontem para uma região que fica a cerca de 16 quilômetros de distância. "Os agentes de segurança dividiram Deraa em quatro partes... ocorreram ataques indiscriminados ontem, as pessoas estão aterrorizadas", disse ele à Associated Press hoje. "É como se um quartel estivesse instalado lá".

Também hoje, a emissora de televisão Al-Jazeera disse que não tem notícias de uma de suas jornalistas, Dorothy Parvaz, de 39 anos, desde que ela chegou na sexta-feira a Damasco. Parvaz, que tem nacionalidade norte-americana, iraniana e canadense, é ex-repórter e colunista do jornal Seattle Post-Intelligencer.

"Estamos profundamente preocupados com a segurança e o bem-estar de Dorothy. Estamos pedindo a ampla cooperação das autoridades sírias para determinar o que aconteceu no aeroporto, sua localização atual e seu estado de saúde", disse a Al-Jazeera em comunicado.

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Em Damasco, uma testemunha disse que as forças de segurança dispersaram um grupo de 100 mulheres. Elas carregavam cartazes de apoio às mulheres e crianças de Deraa. Após dez minutos de protesto, a polícia usou a força e espancou algumas mulheres, disseram as testemunhas, que falaram em condição de anonimato.

Os relatos não puderam ser confirmados de forma independente, já que a Síria mantém fortes restrições ao trabalho da imprensa, expulsou jornalistas estrangeiros e restringiu o acesso a locais onde há mais manifestações. As informações são da Associated Press.