Roma - O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, prometeu na segunda-feira readmitir em seu governo deputados rebeldes de centro-direita, caso vença na terça-feira a votação de uma moção de desconfiança, que pode ser definida por um ou dois votos de diferença.
Em discurso conciliador na Câmara dos Deputados, Berlusconi disse que estaria disposto a abrir seu governo aos "moderados" caso sobreviva à votação de terça-feira. Uma derrota pode levar à antecipação das eleições gerais, previstas inicialmente para 2013.
"Se a moção de desconfiança for rejeitada, como acredito que será, a partir de amanhã trabalharemos para reconstruir o bloco moderado", disse Berlusconi. "Vamos trabalhar para ampliar a equipe do governo."
Os mercados financeiros acompanham atentamente a votação, temerosos de que um governo enfraquecido ou uma campanha eleitoral afaste a Itália de medidas necessárias para melhorar sua situação fiscal.
A moção de desconfiança foi convocada pela oposição e por deputados de centro-direita ligados ao presidente da Câmara, Gianfranco Fini, que rompeu neste ano com Berlusconi devido a denúncias de corrupção contra o premiê. Também na terça-feira - o "Dia B", como tem chamado a imprensa local - haverá a votação de uma moção de não-confiança a Berlusconi no Senado, onde o governo tem maioria.
A oferta feita na segunda-feira se dirige a deputados da bancada de Fini e a membros de pequenos partidos centristas. A oposição comparou as promessas de cargos às transferências de jogadores de futebol no intervalo entre as temporadas.
Alguns analistas preveem que Berlusconi pode se manter no cargo por um placar apertado, como 314 x 313. Não está claro se tal resultado permitiria a estabilização do governo. Umberto Bossi, dirigente do partido Liga Norte e principal aliado de Berlusconi na atualidade, demonstrou ceticismo quanto a isso. "Não se pode governar com uma maioria de um voto", afirmou.
O resultado da votação no Senado deve sair antes, por volta de 8h30 (hora de Brasília). A votação na Câmara está prevista para 10h30 (também hora de Brasília).
Mesmo que Berlusconi se mantenha no cargo, provavelmente não terá força para realizar reformas que autoridades como o Banco da Itália acreditam ser necessárias para resolver os problemas da economia, que se recupera lentamente da sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.
O jornal econômico Il Sole 24 Ore disse em editorial na segunda-feira que as ofertas de cargos aos moderados "podem servir para conquistar a confiança do Parlamento por um ou dois votos, (mas) certamente não bastam para realmente relançar um governo que precisa de uma profunda renovação".
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