Pesquisadores terão facilidade para entrar na União Européia
Um grupo seleto de brasileiros pode ter vantagens com o recrudescimento das leis de imigração da Europa. O projeto de "imigração seletiva", anunciado em novembro, pretende facilitar a entrada de pesquisadores científicos e suas famílias. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, que esteve no Rio de Janeiro uma semana antes de entregar a Presidência da União Europeia ao tcheco Vaclav Klaus, na quinta-feira, disse que o continente está de braços abertos para estudantes e cientistas que possam "agregar qualidade" à região.
Jeitinhos
Imigrantes ilegais recorrem a meios alternativos para conseguir trabalho nos Estados Unidos.
Falsificação
Entre os milhares de brasileiros que tentam a vida ilegalmente nos EUA, muitos recorrem à falsificação do social security, ou ID, documento equivalente ao nosso Registro Geral. Mais ou menos como os brasileiros que não vêem um banco escolar há décadas e fazem em casa sua "carteirinha de estudante".
Tolerância
O ID falso é tolerado por muitos empregadores, que fazem vistas grossas à ilegalidade. Mas com ele não se consegue tirar a carteira de motorista, essencial num país em que este é o principal meio de locomoção.
Impostos
Muitos imigrantes ilegais fazem questão de pagar impostos nos EUA. Chegam até a receber restituição. Para um curitibano que morou como ilegal por lá, a prática ajuda a convencer o juiz de que a pessoa é bem intencionada, caso seja intimada.
Legislação
Em 2007, um projeto de lei que legalizaria 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA fracassou no Congresso. O projeto era defendido pelo presidente eleito Barack Obama.
Sonho de muitos brasileiros, juntar dinheiro trabalhando fora do país tornou-se um plano arriscado. A crise econômica colocou norte-americanos em pânico e já provoca uma reação nacionalista entre empregadores. A recessão também desembarcou na Europa, onde, só na Espanha, 60 mil lojas podem ser fechadas neste ano. E mesmo do Japão, onde descendentes dispostos a dar duro tinham uma fonte segura de rendimento, há massas de dekasseguis retornando.
No "país das oportunidades", os EUA, onde inúmeros negócios já foram fechados, empresas que contratavam imigrantes legais e ilegais passaram a convocar os funcionários para uma grande "peneirada": só ficam os que tiverem documentos em dia, e olhe lá. "Dá a impressão de que querem abrir vagas para americanos", diz o empresário paulistano Marcos Santos, há sete anos trabalhando perto de Boston.
"A tendência neste momento de crise é o governo se mostrar bem forte e manter políticas que beneficiem primeiro os norte-americanos", avalia o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Juliano Cortinhas.
Ele lembra que, na crise da década de 30, o recrudescimento do sentimento nacionalista colocou Adolph Hitler no poder na Alemanha. "Essa crise é tão severa quanto aquela, ou pior, e deve fazer com que aumentem as restrições a imigrantes e não se reduzam barreiras comerciais", diz Cortinhas.
Com essas restrições, Santos conta que muitos conhecidos já voltaram ao Brasil e há menos gente chegando porque está difícil arranjar emprego. O ideal de bem-estar norte-americano também precisou de ajustes: Santos já tirou canais de sua tevê a cabo, vem deixando o carro na garagem quando pode e diminuiu a temperatura da calefação em casa de 21 para 18 graus Celsius.
O imigrante brasileiro conta ainda que a fiscalização contra trabalhadores ilegais se tornou rotina em multinacionais, mas ainda é rara em empresas familiares. Mas essa veloz adaptação do mercado à realidade cinzenta do país contrasta com o posicionamento do presidente eleito Barack Obama ao nomear latinos para seu gabinete.
Ele escolheu dois governadores de estados fronteiriços com o México para cargos equivalentes ao de ministro no Brasil. Janet Napolitano, do Arizona, será secretária de Segurança Interna; Bill Richardson, do Novo México, o secretário de Comércio. Ambos desaprovam as políticas restritivas à imigração do governo Bush, que envolveram a construção de uma cerca e a aprovação da construção de um muro na fronteira com o país vizinho.
A principal aposta no sentido da regulamentação de ilegais vem pela nomeação da filha de imigrantes latinos e defensora dos direitos trabalhistas dos imigrantes Hilda Solis justamente para a secretaria do Trabalho.
Europeus
A crise econômica também fez a União Europeia arregaçar as mangas e aprovar medidas anti-imigração, em junho, e o "cartão azul", em novembro, instaurando o regime de preferência por imigrantes qualificados.
Talvez o pior lugar para um imigrantes estar na Europa hoje seja a Espanha, que vive a primeira recessão em 15 anos, com desemprego de 11%. Para o secretário geral da Confederação Espanhola de Comércio, Miguel Ángel Fraile, 60 mil estabelecimentos comerciais podem fechar no ano que vem um saldo negativo de 25 mil a 30 mil vagas de trabalho. Na área rural, já foi registrada a substituição da mão de obra de imigrante pela de cidadãos espanhóis.
No Japão, a situação não é diferente. Só a fabricante de eletrônicos Sony demitiu 10 mil trabalhadores na cidade de Nagóia. Entre eles, 5 mil brasileiros. O agravante é que a maioria dos brasileiros que trabalham na segunda maior economia do mundo está sob regime de contrato temporário. Com isso, são os primeiros a serem demitidos em momentos de arrocho como agora, quando o Japão entrou tecnicamente em recessão. De acordo com agências de recursos humanos do país, nunca foi tão difícil encontrar uma colocação para um brasileiro. As exigências aumentaram, como falar japonês e limitações de idade. E os salários caíram.
Escolha do leitor
O tema desta reportagem foi escolhido por 246 leitores em enquete realizada entre 8 e 16 de dezembro pela Gazeta do Povo Online. Os outros assuntos eram América do Sul (24% dos votos); Terrorismo (18%); Eleições nos EUA (15%) e Paraguai (14%). O tema Imigração venceu com 28% dos votos.
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Interatividade
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