Istambul A polícia deteve ontem os cerca de 40 militantes de um partido nacionalista turco que ocuparam uma das mais famosas construções de Istambul, a Hagia Sophia, para protestar contra a visita ao país do Papa Bento XVI, prevista para a semana que vem. Os militantes do Partido da Grande União, um grupo islâmico de extrema direita, entraram no lugar gritando: "Allahu akbar!", ou "Deus é Grande", e então se ajoelharam e rezaram. Eles também gritaram repetidamente: "Papa, não cometa o erro, não esgote nossa paciência."
Quando os manifestantes recusaram-se a se render, a polícia usou gás de pimenta e, em um ônibus, os levou a uma delegacia.
O Vaticano deu pouca importância ao episódio. "Continuo a considerar esses eventos esporádicos e limitados. Eles não colocam em questão a substância e o clima da visita, que esperamos seja sereno", afirmou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.
Bento XVI visitará a Turquia de 28 de novembro a 1.º de dezembro. Ele pretende conhecer a Hagia Sophia, uma fonte de disputas religiosas. Por mais de mil anos, ela foi um dos maiores templos cristãos do mundo a Igreja de Santa Sofia , mas foi convertida em mesquita após a tomada de Istambul (antes Constantinopla) pelos turcos otomanos, em 1453. Hoje, Hagia Sophia é um museu, e são proibidas cerimônias religiosas em seu interior.
Tem havido intenso debate na Turquia sobre se o Papa rezará no interior de Hagia Sophia, com alguns dizendo que se ele o fizer isso estará praticando um ato político e uma tentativa de reclamar seu status como uma grande igreja cristã.
Será a primeira viagem de Bento XVI a uma nação islâmica. Em setembro, o Islã explodiu em protestos depois de o Papa ter pronunciado um discurso no qual citou um imperador bizantino que caracterizou certos ensinamentos de Maomé como "diabólicos e desumanos". Bento XVI desculpou-se e afirmou que a citação não refletia sua opinião pessoal.