“Não é uma ocupação, mas uma ação de defesa”, disse Zelensky sobre operação em Kursk| Foto: Reprodução/EFE-IMAGENS DE ARQUIVO
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira (27) que a operação das Forças Armadas de seu país no oblast russo de Kursk, onde Kiev afirma que controla parte do território, não é uma ocupação, mas sim uma ação defensiva para evitar que as tropas do Kremlin tomem mais território ucraniano.

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“Hoje não há ocupação do nosso lado”, disse Zelensky, que tem insistido repetidamente desde que a Ucrânia iniciou a invasão de Kursk, no dia 6 de agosto, que Kiev não tem intenção de se apropriar de territórios alheios.

“Temos que defender o nosso território e usamos todos os meios desde o território da Federação Russa para evitar que ocupem o nosso”, declarou o presidente ucraniano em uma coletiva de imprensa com dezenas de meios de comunicação realizada em Kiev.

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O chefe do Estado ucraniano acrescentou que o objetivo da tomada de Kursk – onde, segundo o chefe do Exército ucraniano, Oleksandr Syrskyi, a Ucrânia já controla uma centena de localidades e quase 1.300 quilômetros quadrados – é “evitar que [os russos] tomem mais” território ucraniano.

Zelensky referiu-se também ao comportamento das tropas ucranianas - das quais não houve relatos de massacres, saques ou outros abusos como os perpetrados por parte do Exército russo na Ucrânia - com a população russa dos territórios de Kursk sob o controle de Kiev.

“Acho que nosso povo é simplesmente melhor”, disse Zelensky, acrescentando: “Você acha que liguei para o comandante-chefe [do Exército ucraniano] para dizer-lhe para dar água às pessoas ou algo assim?”

Zelensky enfatizou ainda a importância de “não ser como aqueles que nos trouxeram a guerra”.

“Nós nos comportamos como seres humanos e é importante preservar isso”, ressaltou.

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O presidente ucraniano afirmou ainda que o fato do ditador Vladimir Putin estar, em sua opinião, dando prioridade à tomada de mais territórios no leste da Ucrânia em detrimento da defesa do seu próprio território em Kursk, ajuda a comunidade internacional, especialmente o Sul Global, a compreender que a guerra da Rússia contra a Ucrânia não é de natureza defensiva, como alega o Kremlin. 

Operação em Kursk frustrou planos russos de abrir outra frente na Ucrânia

Também em uma coletiva realizada nesta terça-feira, Oleksandr Syrskyi, chefe do Exército ucraniano, disse que a operação em Kursk impediu a Rússia de prosseguir com seus planos de lançar uma nova ofensiva transfronteiriça que teria aberto uma nova frente para a Ucrânia na região de Sumy.

“Eles estavam planejando uma ofensiva precisamente ali, por isso precisamos ter uma zona de segurança para evitar uma incursão da Federação Russa e proteger as pessoas e localidades na área”, disse Syrskyi

Ele explicou que a Ucrânia continua a fazer “progressos” na região de Kursk e que as forças de Kiev conseguiram capturar 594 prisioneiros de guerra russos na região desde o início da operação.

Segundo detalhou Syrskyi, as tropas russas estão tentando cercar os soldados ucranianos que ocupam Kursk. A Rússia também tenta contra-atacar, mas a Ucrânia consegue manter as suas posições por enquanto.

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Por outro lado, o chefe do Exército ucraniano descreveu como “complexa” a situação na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde as forças russas continuam a pressionar, especialmente na direção da cidade ucraniana de Pokrovsk.

Segundo Syrskyi, a Rússia pretende cortar a linha que vai de Pokrovsk à cidade de Kostiantinivka, também em Donetsk, e está pagando um preço muito elevado para levar a cabo estes planos.

De acordo com dados do chefe do Exército ucraniano, a Rússia perde até 300 soldados nesta parte da frente de batalha todos os dias.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]