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Entrevista com Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp.

Por que a libertação de presos políticos agora?

Houve um conjunto de situações que convergiram para isso. A ascensão de Raúl Castro facilitou um processo de abertura econômica. Mas o processo sofreu dificuldades com o furacão de 2008, que teve um efeito devastador. Vinte por cento do PIB se foram. Veio a crise financeira, que atingiu o turismo. A Venezuela, também em crise, teve afetada a sua capacidade de ajudar o país. Isso criou uma situação econômica frágil. A morte do dissidente(Orlando Zapata) gerou reações e a pressão da União Europeia. Cuba já estava acostumada com a pressão, mas dos Estados Unidos, não da Europa. As pressões, dessa vez, tiveram um peso maior. Se Cuba não estivesse em situação difícil e se o governo ainda fosse liderado por Fidel, talvez houvesse mais fechamento.

Foi uma medida para evitar um isolamento maior do país? Podemos esperar mais abertura?

Certamente foi uma abertura pensada e planejada. O governo não vai querer perder o controle do país. Ele está sinalizando com medidas mais liberais, mas isso não vai significar mudanças mais drásticas.

E qual a saída para a crise cubana?

A crise não é novidade para Cuba, que enfrentou dificuldades quando caiu a União Soviética. O governo cubano quer ganhar fôlego, não se isolar internacionalmente e ganhar um certo clima de distensão.

Mas o corte de subsídios, como um possível fim da caderneta de abastecimento, não pode gerar insatisfação e pedidos de mudanças da população?

A perspectiva da retirada de subsídios está relacionada ao oferecimento de alternativas. No início, a caderneta de abastecimento cobria praticamente todos os bens fundamentais e o salário comprava todo o necessário. Mas desde os anos 90, a caderneta cobre cada vez menos. Retirar benefícios sem alternativas criaria uma situação insustentável.

A libertação dos presos pode enfraquecer o movimento opositor?

Acho que vai enfraquecer a pressão internacional, porque resolve um problema sem grandes custos. O governo atuou pesando ganhos e custos.

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