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Não espere que a escolha de Kamala Harris como vice democrata defina a eleição nos EUA

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Kamala Harris foi anunciada como vice de Joe Biden na terça-feira (Foto: Drew Angerer/Getty Images/AFP)

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O candidato democrata à presidência, Joe Biden, escolheu a senadora Kamala Harris como sua candidata à vice-presidência, mas eis aqui uma verificação da realidade: companheiros de chapa têm pouquíssimo efeito direto sobre os eleitores. Quando as pessoas vão às urnas, elas expressam principalmente uma preferência pelo candidato presidencial, não pela segunda pessoa na chapa.

No livro “Do Running Mates Matter?” (Companheiros de chapa importam?, em tradução livre), eu e meu colega Kyle Kopko analisamos meio século de dados de pesquisas de ciência política para examinar que efeito um companheiro de chapa tem sobre o sucesso dos candidatos presidenciais.

Em geral, é muito improvável que os eleitores escolham uma chapa presidencial simplesmente porque gostam ou não gostam do segundo em comando.

Em raras ocasiões, os eleitores podem ser influenciados por companheiros de corrida que são muito mais - ou menos - populares do que o principal candidato de seu partido. Por exemplo, o candidato a vice-presidente de John Kerry em 2004, o ex-senador da Carolina do Norte John Edwards, era relativamente popular entre os eleitores no início da campanha. E, como mostra nossa pesquisa, a popularidade de Edwards tornou os eleitores mais propensos a votar em Kerry, pelo menos no curto prazo.

Alguns analistas políticos acreditam que a seleção de um vice-presidente poderia atrair eleitores importantes do próprio grupo demográfico dessa pessoa ou de seu estado natal. Descobrimos que isso também raramente acontece.

No entanto, descobrimos que os eleitores vêem as escolhas do vice-presidente como uma nova informação sobre o candidato principal - e essa informação pode mudar a visão dos eleitores, com potencial de mudar os votos. A escolha do vice dá aos eleitores uma visão sobre quem o candidato realmente é, o que ele representa e como pode atuar se for eleito.

Veja a eleição presidencial de 2008, por exemplo, quando o democrata Barack Obama concorreu contra o republicano John McCain com Joe Biden e Sarah Palin como seus respectivos candidatos à vice-presidência.

Os eleitores que duvidavam das qualificações de Palin também estavam mais propensos a duvidar do julgamento de McCain e pensar que ele era muito velho para ser presidente. Como resultado, era menos provável que votassem em McCain.

Por outro lado, os eleitores que acreditavam que Biden era bem qualificado para o cargo de vice tinham maior probabilidade de aprovar o julgamento de Obama - e menos probabilidade de pensar que ele era muito jovem para ser presidente. Como resultado, eles estavam mais propensos a votar em Obama.

Em 2020, Joe Biden já é conhecido como um ex-vice-presidente experiente, então é improvável que sua companheira de chapa o supere sozinha. Mas com essa escolha, Biden tem uma oportunidade valiosa de se definir como um candidato - e um presidente em potencial - por seus próprios méritos.

O que ele realmente representa? Quais são suas prioridades políticas? E ele tem o bom senso para ser presidente?

A escolha de Kamala Harris como vice da chapa democrata ajudará os eleitores a responder a essas perguntas – e a decidir se Joe Biden merece seu apoio em novembro.

The Conversation

*Christopher Devine é professor de ciência política na University of Dayton, em Dayton, Ohio.

© 2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.

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