Talvez tivesse sido melhor para o meio ambiente não ter feito nada com a enorme mancha de petróleo no Golfo do México, exceto deixá-la "à vontade" no mar, disseram cientistas britânicos nesta segunda-feira.
Biólogos e ambientalistas marinhos disseram temer que a operação agressiva de limpeza, na qual o óleo recolhido é queimado e dispersantes químicos são jogados no mar, pode ser mais nociva ao meio ambiente do que o vazamento propriamente dito.
Casos anteriores sugerem que deixar que o óleo se disperse e evapore naturalmente é melhor a longo prazo, embora seja uma opção considerada politicamente inviável, disseram os cientistas.
"Um dos problemas deste vazamento é que passou de uma arena ambiental para a arena econômica e política, então se você perguntar quão ruim isso é, depende de qual perspectiva você está usando", disse Martin Preston, especialista em poluição marinha e em ciências da Terra e dos oceanos, da Universidade de Liverpool.
"Economicamente é claro que o impacto foi muito grande, mas ambientalmente ainda não se sabe. Uma das tensões entre meio ambiente e política é que os políticos não podem dar a impressão de que não fazem nada, mesmo que às vezes não fazer nada seja a melhor opção."
Os cientistas disseram a jornalistas em Londres que o vazamento, iniciado em 20 de abril com a explosão e naufrágio de uma plataforma petrolífera, não é por enquanto uma catástrofe ambiental.
O governo estima que o vazamento no poço submarino chegue a 9,5 milhões de litros por dia. Uma grande parte do petróleo ainda está solto no mar, mas uma parte começa a se dirigir para a costa sul dos Estados Unidos, onde os frágeis manguezais da Louisiana já foram as regiões mais afetadas.
O governo dos Estados Unidos e a empresa British Petroleum, dona do poço, estão sob pressão da opinião pública para acelerar o fim do vazamento. O óleo causa graves prejuízos aos setores turístico e de pesca, e a população ficou horrorizada com as imagens de aves e outros animais encharcados de óleo.
Christoph Gertler, da Universidade Bangor, que tem estudado vários produtos potenciais para vazamentos de petróleo, disse que relatórios da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos sugeriram que os dispersantes estavam "mudando a natureza do óleo em um caminho muito desfavorável", tornando mais difícil sua decomposição por bactérias marinhas naturais.
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