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Nova Iorque – A Tríplice Fronteira Brasil, Argentina e Paraguai não possui atividades de financiamento ao terrorismo, ao contrário do que afirmam os Estados Unidos, assinalou o presidente paraguaio Nicanor Duarte, ressaltando que "até o momento não há nenhuma prova nem elemento verificável" a respeito. Duarte, que se encontra em Nova Iorque para participar da Assembléia Geral da ONU, deplorou o discurso americano, que projeta a Tríplice Fronteira "como um cenário de organizações que financiam o Hezbollah e outras estruturas".

Desde 2001, Washington denuncia que muçulmanos radicados na Tríplice Fronteira financiam grupos terroristas do Oriente Médio. "Entendo a preocupação com o terrorismo, mas esse não deveria ser o único tema da agenda das relações com os Estados Unidos", sustentou.

Segundo Duarte, a América Latina está preocupada com outros problemas como a falta de investimentos e a luta contra a pobreza. A região tem sua própria política e já não fica na expectativa sobre o que façam ou pensem os Estados Unidos. "Há um novo eixo de poder na América Latina (...) uma nova visão do que quer nossa região no mundo, na política, economia e na busca da paz", assinalou Duarte. "América Latina não tem voz no Grupo dos oito (países mais ricos do mundo), no Grupo dos 20, e a Rodada de Doha (de liberalização comercial na OMC) é uma fraude para os países em desenvolvimento", expressou Duarte. "Necessitamos de união e construir uma voz muito mais potente", assinalou o mandatário.

"A América Latina tem uma uma nova visão do que deve ser relevante no mundo e deve se unir, como fazem os países do Mercosul que, com a adesão da Venezuela, está assumindo um novo contexto e ter melhores condições para negociar com o Norte, com a Europa, com os mercados asiáticos", disse Nicanor Duarte, em entrevista em Nova Iorque.

Duarte disse ainda estar "totalmente de acordo" com a integração da Venezuela ao Mercosul, que Caracas proporciona "dinâmica e novas possibilidades". O presidente paraguaio, que no começo de sua gestão fez múltiplos apelos à Argentina e ao Brasil para que reconhecessem as assimetrias de desenvolvimento com os sócios menores – Paraguai e Uruguai –, sustentou que o bloco reconhece hoje como nunca essas disparidades.

Crítico no início de sua gestão com a falta de apoio da Argentina e Brasil, Duarte exibe agora, quando se aproxima o fim de seu mandato, uma posição moderada e elogiosa ao bloco regional. "O Mercosul hoje reconhece como nunca as assimetrias. O Paraguai este ano está recebendo 80 milhões de dólares (por mecanismos compensatórios). Avançamos bastante na flexibilização alfandegária", acrescentou. "Há ainda, obviamente, problemas de circulação de bens entre um país e outro", admitiu, mas defendeu o Mercosul como instrumento dos países pequenos em um mundo no qual "a economia atua em bloco".

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