Brasileira só entendeu o que ocorria quando observou a coluna de fumaça que tomou parte de campus| Foto: Vincent West / Reuters

A baiana Ana Paula Almeida, de 26 anos, estava a poucos metros do carro-bomba que foi detonado nesta quinta-feira na Universidade de Navarra, em Pamplona, na Espanha, deixando ao menos 28 pessoas feridas. Estudante de doutorado em patologia, ela trabalhava num laboratório próximo ao local da explosão. Quando os colegas avisaram que era uma bomba, não se deu conta de que se tratava de um atentado e continuou trabalhando. Ela diz que só entendeu o que se passava quando viu, pela janela, a coluna de fumaça que tomou parte do campus e começou a escutar sirenes de carros de polícia e ambulâncias. O grupo separatista basco ETA é considerado suspeito.

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"Quando ouvi o estrondo, achei que fosse a centrífuga com que a gente trabalha. Não tinha noção do que era. Não sabia dos outros atentados que já tinham acontecido aqui. Não imaginei que fosse um carro-bomba. Fiquei sem entender", contou Ana Paula ao site do GLOBO, por telefone, de Pamplona.

A moradora de Salvador, que está há apenas um mês em Pamplona para cumprir parte de seu doutorado em patologia pela Fiocruz, ficou surpresa com a reação dos colegas. Segundo ela, apesar da ordem para esvaziar o prédio, pouco depois do atentado alguns pesquisadores preferiram continuar trabalhando antes de a universidade ser esvaziada.

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- Alguns foram mais ponderados e falaram que não é normal, mas que isso acontece. Outros fizeram até piada, dizendo "essa é minha segunda bomba". Acho que já está mais ou menos na rotina deles. Para mim foi bem diferente porque, apesar de ter violência no Brasil, a gente não está acostumado com atentado terrorista ainda - disse ela.

A Universidade de Navarra já foi alvo de cinco ataques do ETA, que luta pela independência do País Basco. A brasileira mora perto do campus, e depois da explosão voltou a pé para casa, onde tentou tranqüilizar a família e os amigos que souberam do atentado. Ela repetiu as palavras do ministro do Interior, Alfredo Perez Rubacalba, afirmando que "era para ter sido uma grande tragédia".

De acordo com o ministro, um telefonema em nome do ETA, feito uma hora antes da explosão, avisou a uma equipe de socorro de estradas da cidade de Vitória que havia um carro-bomba em uma universidade. A pessoa que telefonou deu o modelo e a cor do veículo, mas não especificou em que universidade ele estava. A polícia então correu para um campus em Vitoria, que é a capital regional basca.

- O resultado disso é que podíamos ter tido uma tragédia terrível na Universidade de Navarra - disse Rubacalba em entrevista coletiva.

A explosão aconteceu dois dias depois de a polícia prender quatro suspeitos de planejar um ataque terrorista em Navarra. O carro explodiu às 11h (8h no horário de Brasília), ao lado do Edifício Central da universidade, que fica próximo à biblioteca e à Faculdade de Comunicação. O impacto do ataque estilhaçou vidros em um prédio da universidade e danificou carros estacionados por perto.

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"Tivemos sorte com o tempo. Está frio e úmido e menos pessoas estavam andando pelo estacionamento do que o normal", disse a prefeita de Pamplona, Yolanda Barcina, à emissora de rádio La Ser.

O rei Juan Carlos, que participa em El Salvador da Cúpula Ibero-Americana, condenou o ataque. No encontro, também estão presentes o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e líderes de países da América Latina, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente mexicano Felipe Calderón.

"Permitam-me comentar aqui em El Salvador com palavras de minha mais firme condenação e repulsa frente ao ataque terrorista e manifestar todo o meu afeto e os meu melhores desejos de recuperação aos feridos", disse o rei ao iniciar seu discurso.

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