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Ban Ki-Moon

‘Não sou fácil’, diz próximo secretário-geral da ONU

O próximo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o sul-coreano Ban Ki-Moon, prometeu ser um líder resoluto e advertiu os que o descreveram como discreto para que não cometessem o erro de tomá-lo por alguém fácil de lidar.

- Posso parecer discreto e falar macio, mas isso não significa que não possua liderança nem comprometimento - disse Ban à Reuters em sua primeira entrevista oficial desde que foi nomeado, por aclamação, pelos 192 membros da Assembléia Geral na sexta-feira.

Modéstia e humildade são consideradas virtudes pelos asiáticos, disse ele, mas não devem ser mal-interpretadas. - Tomo decisões conclusivas quando isso é necessário - afirmou ao ser questionado sobre relatos de que seu estilo o tornava inapto para o cargo.

Ban, que é o ministro das Relações Exteriores da Coréia do Sul, venceu confortavelmente seis adversários que competiam para suceder Kofi Annan, o africano que vem liderando o órgão mundial desde 1997.

Ban é o segundo diplomata asiático a liderar a ONU e deve assumir o posto em 1º de janeiro. Mas ele disse que queria começar a trabalhar na transição o mais rápido possível. Um assessor disse que Ban pode se mudar para Nova York já no próximo mês.

Ban deixou claro que pretende viajar bastante, delegando a maior parte da administração diária dos 9 mil funcionários da ONU para um vice.

O embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton, disse que o sucessor de Annan deveria centrar esforços mais no gerenciamento do que na diplomacia, uma posição que Ban delicadamente rejeitou.

- O fardo administrativo do secretário-geral é grande demais - disse Ban. - Vou tentar equilibrar meu trabalho como líder político e como líder administrativo.'UM EMPREGO IMPOSSÍVEL'

Ban vai começar seu mandato de cinco anos no que Annan chamou de o trabalho mais impossível do mundo, com uma agenda repleta que inclui de ameaças de proliferação nuclear e terrorismo a uma reforma na própria ONU.

Ban deixou de lado as perguntas sobre respostas futuras ao teste de armas nucleares da Coréia do Norte, como a se ele estaria pronto para visitar Pyongyang no início do próximo ano para ajudar a diminuir a tensão regional.

O Conselho de Segurança de 15 membros planeja votar no sábado uma resolução sobre a questão, apoiada por Ban, impondo sanções de armas e econômicas à Coréia do Norte em resposta à explosão subterrânea na segunda-feira passada.

Ban, que foi nomeado chanceler da Coréia do Sul em janeiro de 2004, estava envolvido nas negociações de seu país com o vizinho do norte e com os esforços internacionais para acabar com a crise nuclear com o governo comunista.

Ele mapeou uma possível reforma, dizendo que embora seja difícil diminuir o tamanho da ONU e suas várias agências, elas tinham que trabalhar com total capacidade.

- Precisamos encontrar o lado competitivo e comparativo de cada agência - disse Ban. - É necessário maximizar a força e minimizar a redundância. Precisamos usar os recursos já limitados de uma forma mais efetiva e eficiente.

SONHO REALIZADO

Um diplomata de carreira que se formou como primeiro da classe no curso de Relações Internacionais da Universidade Nacional de Seul, Ban já serviu três vezes na missão de seu país na ONU, em Nova York.

Diplomatas sul-coreanos e de outras nacionalidades que trabalharam com ele o descrevem como um mediador habilidoso e capaz, que é popular com seus subordinados e um incansável trabalhador.

Ban nasceu em uma família de camponeses em 1944 na cidade de Chungju e se casou com uma namorada do colégio. Eles tiveram duas filhas e um filho.

Em um discurso de aceitação do cargo, em inglês e francês, ele lembrou ter sido escolhido em sua escola aos 12 anos de idade para ler uma mensagem à ONU pedindo ajuda para o povo húngaro durante o levante de 1956.

- Eu pouco entendia o significado profundo da mensagem. Mas eu sabia que a ONU existia para ajudar em épocas de necessidade - disse ele.

Ban disse à Reuters que sonhava ser diplomata desde que era garoto, mas que nunca tinha imaginado que poderia ser secretário-geral da ONU, até se tornar ministro das Relações Exteriores.

- Agora eu realizei meu sonho - disse.

Leia mais: O Globo Online

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