O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, disse hoje que deseja reduzir o uso da energia nuclear no país, argumentando que o desastre na usina Daiichi, em Fukushima, mostrou que os riscos são grandes demais. A declaração marca uma mudança na política anterior do país de tornar a energia nuclear sua principal fonte de eletricidade, e é um passo além nos recentes comentários de Kan sobre seu desejo de reduzir a parcela da energia de origem nuclear.

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"Nós devemos almejar ter uma sociedade que não confia na energia nuclear", disse em entrevista à imprensa. "No futuro, deveremos perceber que uma sociedade pode prosseguir sem reatores nucleares." Kan, porém, não deu um cronograma para essa redução. Muitos parlamentares questionam se essa política deve ser realizada pelo atual premiê, pois este já afirmou que pretende renunciar assim que importantes leis sobre a reconstrução dos estragos causados pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março sejam aprovadas.

No Japão, a energia nuclear representa 30% da produção energética total. Após o desastre de março, Kan disse que a política fechada no ano passado para aumentar a parcela da energia nuclear na nação asiática deve ser reconsiderada. "Eu percebi que esta tecnologia não pode ser controlada por medidas de segurança anteriores", apontou ele, dizendo que o desastre mudou sua maneira de ver a questão.

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Kan afirmou que o Japão deve reduzir gradualmente sua confiança na energia atômica, mas ponderou que é cedo para se fechar um cronograma. Também não explicou se esse assunto deve ficar a cargo do próximo primeiro-ministro.

Kan rechaçou as especulações de que poderia dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, porém acrescentou que os eleitores têm o direito de escolher sua política energética. O premiê disse que há uma possibilidade de que os reatores nucleares agora paralisados possam voltar a operar, porém também afirmou que deve haver suprimento de energia suficiente para passar por este verão e pelo próximo inverno, graças aos atuais esforços de economia.

Na semana passada, o governo anunciou mudanças em seus procedimentos de avaliação da segurança nuclear. O premiê lançou a ideia de exigir de todas as usinas novos testes, para garantir a segurança da população. Consumidores em áreas afetadas, entre elas Tóquio, foram aconselhados a economizar 15% da energia que normalmente consomem, por causa do fechamento de usinas.