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Ciudad Juarez, no México, é considerada a capital mundial dos assassinatos. Em seus bairros pobres, a facilidade do dinheiro rápido do tráfico de drogas atrai jovens que passam seus dias nas ruas, sem ter o que fazer.

A estimativa é de que existam em Juarez mais de 400 gangues, cujos integrantes são cooptados pelos cartéis de drogas mais poderosos, para serem usados como olheiros, mulas ou assassinos. Por esse motivo, é cada vez maior o número de jovens detidos nas frequentes batidas policiais na região.

Em um dos bairros mais pobres da cidade, os jovens falam sobre essa relação tão próxima com o tráfico. "O cartel tem poder sobre tudo", diz um deles. "Você tem que matar pessoas e traficar drogas, entre outras coisas", relata outro. "Estamos preparados para qualquer coisa que acontecer aqui. Andamos armados", acrescenta um terceiro.

Segundo Enrique Lacone, diretor do Serviço Social em Juarez, o narcotráfico atinge todos os níveis da sociedade. Um de seus projetos é criar um novo centro de reabilitação para os mais problemáticos – o maior da América Latina.

"Sou Alonzo e estou aqui por assassinato", diz um interno. Ele mostra seu quarto e conta que vai ficar ali por mais três anos, acusado de participação em um homicídio durante uma briga de gangues.

Alonzo exibe no braço as tatuagens de sua gangue, chamada CBS 13 Southside. "Perdi 10 amigos, inclusive meu irmão", lembra.

A história de Alonzo é típica de muitos outros jovens de Juarez. Seus pais chegaram à cidade como operários e vivem com alguns dólares por dia. A pobreza ali é óbvia nas ruas, onde há muitas casas de papelão.

Enrique Lacone apresenta alguns dos garotos que participam de um programa extracurricular que seu departamento financia em um dos bairros mais pobres da cidade. Eles já testemunharam muitas cenas de violência. "Meu amigo foi assassinado há quatro dias", diz um deles.

Outro explica que entram para as gangues como forma de sobreviver. Para um dos rapazes, a violência em Juarez não afeta apenas algumas pessoas, mas toda uma cultura. "É muito difícil conviver com tanta violência", desabafa.

Para menores como Alonzo, que acabam presos por homicídio, a lei estadual prevê pena de, no máximo, cinco anos. Mas, com punição tão curta, sobra pouco tempo para a reabilitação. Lacone, mesmo assim, acredita que é possível reabilitar boa parte dos jovens. "Queremos mudar a vida deles e sua maneira de pensar", enfatiza.

O programa de reabilitação inclui sessões com um psicólogo. "Sei que não posso mudar a cidade, mas posso mudar a mim mesmo", diz Alonzo, que iniciou a terapia.

Apesar das boas intenções, as chances de esses garotos resistirem ao dinheiro fácil do narcotráfico são mínimas. Mas uma coisa é certa: Enrique Lacone e a prefeitura de Juarez têm muito trabalho pela frente.

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