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Crime organizado

Narcotráfico do México S.A.

Policial isola cena de crime em Monterrey: disputas internas entre traficantes aumentam mortes | Tomas Bravo/Reuters
Policial isola cena de crime em Monterrey: disputas internas entre traficantes aumentam mortes (Foto: Tomas Bravo/Reuters)
Polícia apresenta US$ 2 milhões apreendidos de traficantes: poder econômico revelado |

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Polícia apresenta US$ 2 milhões apreendidos de traficantes: poder econômico revelado

Polícia afasta criança de combate em Tijuana: violência preocupa sociedade |

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Polícia afasta criança de combate em Tijuana: violência preocupa sociedade

Comboio da Polícia Federal mexicana em Ciudad Juárez: cidade é disputada por cartéis rivais |

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Comboio da Polícia Federal mexicana em Ciudad Juárez: cidade é disputada por cartéis rivais

Comboio do exército patrulha Ciudad Juárez: fronteira tensa |

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Comboio do exército patrulha Ciudad Juárez: fronteira tensa

Joalheria em Sinaloa exibe colar em forma de folha de maconha: tráfico movimenta US$ 50 bilhões ao ano |

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Joalheria em Sinaloa exibe colar em forma de folha de maconha: tráfico movimenta US$ 50 bilhões ao ano

Veja como é a situação do narcotráfico em cada estado mexicano |

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Veja como é a situação do narcotráfico em cada estado mexicano

No México, as notícias de assassinatos relacionados ao tráfico de drogas costumam ser curtas. Isso não ocorre pela displicência dos que as escrevem, mas sim pela falta de informações que costuma acompanhar as mortes. Os crimes passam a ser relacionados ao narcotráfico não pela coleta de provas, mas pela ausência delas.

Vivendo o paradoxo de ter em seu território uma guerra ao mesmo tempo silenciosa e barulhenta, o país acompanhou no final do mês passado o relato de mais um crime violento com características de execução por narcotraficantes. O candidato a governador do departamento (estado) de Tamaulipas Rodolfo Torre Cantú foi assassinado a caminho do ae­­roporto de Ciu­­dad Victória, após realizar uma série de eventos de campanha na região. Além do candidato, outras quatro pessoas que estavam no comboio da candidatura foram mortas.

Cantú é adicionado agora à contagem de 23 mil mortos associados à guerra ao narcotráfico mexicano desde 2006, quando o conservador Felipe Calderón foi eleito presidente com a promessa de entregar o mandato tendo co­­mo anexo uma declaração de vi­­tória sobre os narcotraficantes.

A iniciativa do presidente me­­xicano recebeu o apoio financeiro dos EUA. Em 2008, o Congresso americano aprovou a implantação da Iniciativa Mé­­rida (também conhecida como Plano México), que já liberou mais de US$ 1,1 bi­­lhão para o combate ao narcotráfico ao sul da fronteira (leia re­­por­­ta­­gem na página seguinte).

Porém, após um primeiro ano de mandato pautado pela colocação do exército nas ruas para combater o tráfico, Calderón vê a cada ano as políticas antidrogas ficarem menos eficientes, enquanto os grupos atuantes no país se consolidam como os mais ricos, audazes, bem-armados e violentos do mundo.

Intermediário

Os narcotraficantes mexicanos se especializaram como atravessadores da cocaína e da maconha produzida na Amé­­rica do Sul. A opção foi influ­­enciada pela posição geográfica do México, que acaba ser­­vin­­do de entreposto entre os grandes países produtores (Co­­lômbia, Peru, Venezuela) e os consumidores (Estados Uni­­dos e Europa). Na América Cen­­tral, os cartéis mexicanos não encontram dificuldades para estabelecer rotas de tráfico que driblem a frágil fiscalização de fronteira dos países da região.

A violência relacionada ao tráfico ocorre por causa da disputa de territórios e diferentes mercados. "Os cartéis mexicanos avançam, em parte, corrompendo e intimidando mem­­­­bros das forças policiais", afirma Collen Co­­ok, analista de as­­suntos latino-americanos do Con­­gresso americano, em re­­latório apresentado ao Capi­­tólio. "Por exemplo, a polícia municipal de Nuevo Laredo (de­­parta­­men­­to de Tamauli­­pas) foi acusada de sequestrar integrantes do Cartel do Golfo para entregá-los aos Zetas (gru­­po paramilitar rival)", informa.

Uma das maiores dificuldades das autoridades mexicanas é mapear a atuação de todos os cartéis de tráfico que atuam no país. Embora os grupos e seus líderes sejam conhecidos (veja quadro na página seguinte), as áreas e métodos de atuação são uma surpresa constante para os investigadores mexicanos.

No instável relacionamento entre os grupos, dois cartéis protagonizam uma longa disputa por importância no comércio de narcóticos com os Estados Uni­­dos. O Cartel de Sinaloa, considerado o maior do México, mantém uma sangrenta rivalidade com o Cartel do Golfo, possível controlador da parte leste da fronteira com os Estados Unidos.

Dominar os estados mexicanos que fazem fronteira com os Estados Unidos é fundamental pa­­ra a exportação das drogas. Por causa disso o Cartel de Juárez permanece como uma das grandes forças atuantes no país, mesmo tendo perdido forças devido a capturas e execuções de alguns de seus líderes.

Na outra parte da fronteira do México, o Cartel de Sinaloa se tornou hegemônico ao edificar para si um "cocainoduto" que se es­­tende de sul a norte do México, e por onde se transporta a droga desde a Amé­­rica Central até os grandes centros consumidores dos Estados Unidos.

Precursor

"O Cartel de Sinaloa é o mais ve­­lho do México", relata à Gazeta do Povo Raúl Be­­ni­­tez, especialista em assuntos de segurança da Universidade Nacional do Mé­­xico. "Os ex­­portadores de maconha e heroína começaram a traficar durante a 2.ª Guerra Mun­­dial, quando os soldados norte-americanos começaram a comprar essas drogas para fins médicos e de entretenimento. Quando voltaram da guerra, estavam viciados. O mesmo ocorreu com os combatentes do Vietnã, nos anos 1970, o que fez crescer o consumo nos Estados Unidos e tornou o Cartel de Si­­naloa ainda mais poderoso. Nos anos 1990, começou a aumentar o tráfico de cocaína vindo da Co­­lômbia. A violência explode quan­­do aparece o primeiro cartel rival, o do Golfo, que passa a traficar drogas para o Texas", relata.

Hoje, estima-se que o Cartel de Sinaloa seja o responsável por 45% do tráfico para os EUA. As­­sociado ao fato de que 90% do consumo americano provém do México, isso coloca o Cartel de Si­­naloa como um dos mais lucrativos do mundo. Joaquín Guz­­man, líder em atividade desse cartel, personifica a construção mítica em torno de um chefão das drogas. "El Chapo" (O Baixo), como é conhecido, está na lista da revista Forbes dos homens mais ricos do mundo, amealhando uma fortuna estimada em US$ 1 bilhão.

O narcotraficante de 52 anos chegou a ser preso na Guatemala, em 1993, e permaneceu oito anos sob custódia da justiça me­­xicana. Mas, em 2001, Guzman fugiu de uma prisão de segurança máxima escondido em um carrinho de lavanderia e voltou a comandar as atividades do cartel. "Guz­­man é um grande empresário das drogas. Construiu um grande mo­­nopólio, uma grande empresa transnacional, e estendeu sua influência entre governos estaduais e municipais. Ele se esconde nas montanhas de Du­­rango e Sinaloa, e o governo não consegue prendê-lo devido à gran­­de rede de proteção em torno dele", relata Benitez.

Território

Devido à disputa entre cartéis, Ciudad Juárez – cidade de 2,6 milhões de habitantes – se tornou a Jerusalém dos cartéis de narcotráfico. Localizada no ex­­tremo norte do México, na divisa com a cidade americana de El Paso (Texas), ela é disputada tanto pelo Cartel de Sinaloa quanto pelo Cartel de Juárez.

A disputa entre as inúmeras pequenas quadrilhas que compõem os dois cartéis tornou Ciu­­dad Juárez uma das cidades mais violentas do país. Somente neste ano, 600 pessoas já morreram por causa da guerra entre traficantes (em 2009, houve um total de 2.600 assassinatos). "A opinião pública mexicana está muito preo­­cupada com o narcotráfico e a violência, e ocorrem muitas críticas ao conceito de guerra às dro­­gas do presidente Calderón. Qua­­­­se a totalidade do exército está envolvida na operação, e es­­tão acontecendo violações de di­­reitos hu­­manos. Existe a impressão de que o governo está perdendo a guerra, porque a violência es­­tá au­­mentando", analisa Be­­nitez.

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