Ouça este conteúdo
O ditador Nicolás Maduro, que foi anunciado como “vencedor” das eleições presidenciais venezuelanas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado por chavistas, ainda está na mira do FBI dos EUA, que o acusa de estar envolvido em uma rede de narcotráfico internacional.
Além de Maduro, outros integrantes do regime de Caracas, como Diosdado Cabello, número 2 do PSUV, e Vladimir Padrino López, atual ministro da Defesa, também seguem na lista de procurados das autoridades americanas sob a mesma acusação. Assim como Maduro, eles também estão na lista de indivíduos sancionados pelos EUA.
Outros antigos aliados, como Hugo “El Pollo” Carvajal e Clíver Alcalá Cordones (que atualmente se declara como opositor de Maduro), já estão sob custódia dos EUA.
Segundo o FBI, Maduro e seus aliados eram responsáveis pelo chamado "Cartel de Los Soles", uma rede de narcotráfico que operava dentro das Forças Armadas venezuelanas. Os EUA afirmam que essa organização facilitava o tráfico de drogas em larga escala utilizando o território do país sul-americano como principal rota para a distribuição internacional.
Outros nomes do alto escalão do regime venezuelano, como os de Cabello, Padriño López e Tarek El Aissami (que foi preso pelo próprio Maduro no começo deste ano), são apontados como líderes dessa rede criminosa, que, segundo informações, mantêm estreitas ligações com grupos de guerrilha colombianos e cartéis de drogas mexicanos, como o Cartel de Sinaloa.
O "Cartel de Los Soles" não foi formado recentemente. Sua existência é alegada desde os anos 1990, mas foi com a chegada do ditador Hugo Chávez ao poder que a organização teria se fortalecido, utilizando o aparato estatal para consolidar suas operações. Com o passar dos anos, o cartel teria expandido suas atividades por toda a América Latina, transformando a Venezuela no epicentro de um dos maiores esquemas de tráfico de drogas do mundo.
As denúncias que ligam o regime chavista ao narcotráfico internacional ganharam mais corpo em 2015, quando Leamsy Salazar, um ex-chefe de segurança de Chávez, denunciou Diosdado Cabello, como sendo um dos principais líderes do cartel. Salazar fez tal denúncia após pedir proteção nos Estados Unidos em troca de cooperação com as autoridades.
A conexão de Maduro e seus aliados com o narcotráfico tem sido um motivo de preocupação para os EUA. Em 2020, ainda sob o governo de Donald Trump, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu apresentar uma série de denúncias contra Maduro e outros 14 altos funcionários de seu regime, acusando-os oficialmente de liderar o "Cartel de Los Soles".
Segundo os EUA, o regime chavista estava envolvido em operações do tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outras atividades criminosas. Os americanos passaram a ofertar desde então uma recompensa de US$ 15 milhões pela captura de Maduro, mais uma outra boa quantidade de dinheiro por informações sobre Cabello e El Aissami.
No entanto, neste ano, antes de iniciar de fato a campanha eleitoral, Maduro anunciou uma ampla “operação anticorrupção”, que resultou na prisão de dezenas de pessoas ligadas à estatal petrolífera PDVSA, acusadas de desviar mais de US$ 20 bilhões. Entre os detidos estava justamente El Aissami, até então identificado como uma figura-chave no regime chavista e que estava na mira do FBI.
Para muitos analistas, a operação de Maduro foi na verdade um movimento de represália dentro do próprio regime, especialmente contra El Aissami, visto como uma pessoa com bastante influência dentro do “jogo de poder” do país.
El Aissami não é o único chavista acusado de participar do cartel que está atualmente preso. Hugo Carvajal neste momento aguarda na cadeia um julgamento nos EUA, para onde foi extraditado no ano passado, enquanto Clíver Alcalá, major aposentado do Exército venezuelano que passou de aliado a opositor, já foi condenado nos EUA a 21 anos de prisão por seus crimes de colaboração com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que envolveram operações dentro do cartel.
As acusações de envolvimento com o narcotráfico não são as únicas que pesam contra Maduro e seus aliados. Organizações internacionais de direitos humanos, como a Human Rights Watch, também os acusam de crimes contra a humanidade, incluindo tortura, assassinatos extrajudiciais e repressão violenta contra dissidentes políticos.
O regime chavista, inclusive, é alvo de uma investigação no Tribunal Penal Internacional (TPI), onde o promotor Karim Khan afirma que Maduro permitiu a execução de operações que culminaram em estupros, choques elétricos e espancamentos de opositores que foram presos arbitrariamente.
Essas acusações, somadas às de narcotráfico, contribuíram para que a comunidade internacional isolasse cada vez mais o regime chavista, que neste momento tenta a todo custo validar uma eleição marcada por arbitrariedades e acusações de manipulação dos resultados.