A intensa procura por mundos semelhantes ao nosso, perdidos universo afora, revelou seu mais novo filhote nesta semana. O “Kepler 452b”, localizado na constelação de Cygnus (a 1.400 anos-luz), é festejado pela Nasa como o planeta “mais parecido com a Terra já descoberto”. Para os cientistas, um potencial local para abrigar ou desenvolver vida, ainda que não se saiba qual é exatamente a sua composição.
Mas, apesar de personificar um avanço astronômico inegável, o caçula no mapa planetário não é o único a ter condições amigáveis para a vida. No mesmo dia em que anunciou a descoberta, a agência espacial norte-americana divulgou um catálogo com corpos celestes com características que se assemelham às da Terra – resultado de análises do potente telescópio “caça-planetas” Kepler que, desde 2009, já encontrou mais de 4 mil candidatos a planetas, obviamente, fora do Sistema Solar.
Segundo a Nasa, 500 deles serão estudados com mais interesse e pelo menos uma dúzia indica que talvez não sejamos tão únicos e especiais. Estes 12 estão enquadrados no que a agência chama de “zonas habitáveis”: sua distância em relação à estrela que orbita, temperatura e massa tornam a possibilidade de haver água em estado líquido na superfície (condição sine qua non para existência da vida) mais palpável.
Um destes é um velho conhecido: o “Kepler 186f’, que até o anúncio da última quinta-feira mantinha o título de mais semelhante à Terra. Segundo a Nasa, ele tem o diâmetro apenas 10% maior do que o do nosso planeta (o “Kepler 452b” é 60% maior). Porém, ele orbita uma estrela-anã que é mais fria e menor do que o Sol, e isso torna a temperatura demasiadamente baixa. “Por isso é muito mais como um primo da Terra”, define Thomas Barclay, cientista do Instituto de Pesquisa Ambiental da Nasa e um dos responsáveis pelo anúncio na época de sua descoberta, abril de 2014.
Os cientistas apontam que o “Kepler 186f’ está no limite do habitável, já que recebe de sua estrela apenas um terço da energia que o Sol fornece à Terra. A luminosidade do planeta ao meio-dia é como a do crepúsculo na Terra. Isso não significa que o planeta não possa desenvolver vida – ainda que também não aponte que possa.
Antes do “Kepler 186f’, o “Kepler 62f”, na constelação de Lyra, era o mais parecido com o nosso mundo, mesmo sendo 40% maior. Mas, como seu sucessor, orbita uma estrela que é menor e mais fria do que o Sol. O “Kepler 62f” foi descoberto em 2013, mais ou menos na mesma época do “Kepler 69c”, um planeta 70% maior do que a Terra. E tamanho importa: nestes corpos celestes muito maiores, a probabilidade de vida cai, já que a estrutura tende a ser gasosa.
Se todos os candidatos serão confirmados como planetas e, sobretudo, como amigáveis à vida é algo que depende, a partir de agora, de muita análise. Mas o primeiro passo foi dado. “A investigação contínua dos candidatos deste catálogo nos ajudará a encontrar os planetas menores e com melhores temperaturas. Assim, nos permitirá avaliar se existem mais mundos habitáveis”, defende Joseph Twicken, que encabeça o setor de tecnologia da missão Kepler.