Nascida em San Francisco, nos Estados Unidos, mas competindo pela China nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, a esquiadora Eileen Gu conquistou a medalha de ouro no estilo livre big air para mulheres na segunda-feira (7).
Gu, que participará de mais duas disputas de esqui estilo livre (halfpipe e slopestyle) na capital chinesa, chama atenção tanto pelo seu talento quanto pela posição delicada em que se encontra.
Filha de mãe chinesa e pai americano, a jovem atleta de 18 anos tem laços com os dois maiores rivais da geopolítica mundial de hoje, e representa a China em um evento boicotado diplomaticamente pelos Estados Unidos devido às violações aos direitos humanos praticadas pela ditadura chinesa em Xinjiang. A atleta não se pronuncia sobre o assunto.
Além de ter nascido nos Estados Unidos, Gu foi criada no país e vive até hoje em San Francisco com a mãe e a avó. Ela visitava Pequim nas férias de verão e fala mandarim sem sotaque, mas a situação de sua documentação é um mistério: o país asiático não permite cidadania dupla, o que indica que ela teria que ter renunciado à cidadania americana.
Entretanto, comenta-se que a China teria aberto exceções para melhorar seu desempenho no quadro de medalhas, já que vários atletas de outros países estão competindo sob a bandeira vermelha com estrelas amarelas em Pequim.
Quando anunciou no Instagram em 2019 que competiria pela China e não pelos Estados Unidos, Gu escreveu que foi uma “decisão incrivelmente difícil”.
“Tenho orgulho da minha ascendência e igualmente da minha educação americana. A oportunidade de ajudar a inspirar milhões de jovens onde minha mãe nasceu, durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, é uma oportunidade única de ajudar a promover o esporte que amo”, alegou.
A decisão não foi bem recebida no Ocidente, onde a Fox News a chamou de “filha ingrata da América”. “Eileen Gu é uma traidora da América em todos os sentidos da palavra”, escreveu um usuário britânico no Twitter. “Fique na China e entregue seu passaporte”, acrescentou.
Na China, onde tem vários patrocinadores e quase 2 milhões de seguidores na rede social Weibo, Gu é uma celebridade, mas desconfia-se que esse carinho só tem a ver com o fato de ser uma vencedora. A patinadora Zhu Yi, outra americana a representar a China em Pequim-2022, foi criticada pelo seu mandarim hesitante e ridicularizada na internet chinesa após ficar em último lugar na sua prova.
Dizendo-se “chinesa quando estou na China, e americana quando estou nos Estados Unidos”, Gu prefere ficar alheia a essas questões. “Por meio do esqui, espero unir as pessoas, promover o entendimento comum, criar comunicação e forjar amizades entre as nações. Se eu puder ajudar a inspirar uma jovem a romper limites, meus desejos se tornarão realidade”, declarou no Instagram.
A julgar pelos ânimos exaltados, não há perspectiva disso, mas aproximar os dois maiores rivais geopolíticos do século XXI seria a manobra mais inacreditável da carreira de Eileen Gu.
Congresso fecha lista do “imposto do pecado”; veja o que terá sobretaxa e o que escapou
Saiba como votou cada deputado na regulamentação da reforma tributária
Briga com Congresso por verbas do Orçamento revela governo sem margem de manobra
Tarcísio anuncia advogado filiado ao PT como novo ouvidor da Segurança Pública em São Paulo