Homenagens às vítimas do naufrágio na Coreia do Sul| Foto: REUTERS/Park Dong-ju/Yonhap

O naufrágio da balsa Sewol no litoral sudoeste da Coreia do Sul completa um mês nesta sexta-feira com o país ainda de luto, enquanto os serviços de resgate tentam recuperar os últimos 20 corpos do interior do navio, de um total de 304 mortos no acidente.

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Com condições meteorológicas relativamente favoráveis, os mergulhadores retomaram as buscas, enquanto dezenas de familiares das vítimas permanecem na cidade litorânea de Jindo à espera de notícias de seus entes queridos.

Das 476 pessoas que estavam no navio, apenas 172 se salvaram e 284 corpos já foram recuperados, a maioria de estudantes de 16 e 17 anos de um instituto de ensino médio da de Ansan, na periferia de Seul.

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O ambiente de luto presente em toda Coreia do Sul se nota especialmente nessa cidade, onde os funerais se multiplicaram no último mês, depois que 260 alunos e professores morreram no acidente. Centenas de milhares de pessoas foram até o local prestar suas homenagens diante de um grande altar de flores.

Os laços amarelos, símbolo de solidariedade com a tragédia, continuam marcando presença por todo o país, especialmente no centro de Seul, onde estão acompanhados por mensagens de condolências como uma constante lembrança da gravidade do ocorrido.

O naufrágio não provocou apenas tristeza e desolação na sociedade e entre os familiares das vítimas, mas também causou indignação pela forma como o governo conduziu a crise, acusado de ter agido tarde demais, de não ter se esforçado o suficiente, de não ter um bom sistema de prevenção e de proporcionar informações erradas.

Em plena tempestade política, os familiares chegaram inclusive a organizar uma manifestação em frente à sede do Executivo, em Seul, e a chefe de Estado, Park Geun-hye, teve que pedir desculpas e reconhecer os erros do governo em até duas ocasiões.

Enquanto as investigações continuam, o capitão e outros três tripulantes foram acusados ontem de homicídio por terem supostamente abandonado o navio e se recusado a dar uma ordem de evacuação para os passageiros. Ao invés disso, pediram que os mesmos permanecessem no interior da balsa durante o naufrágio.

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Segundo os resultados preliminares da investigação, o acidente pode ter sido causado por uma manobra brusca que deslocou a carga para um dos lados de embarcação, desestabilizando-a e fazendo com que afundasse.

Além disso, o navio transportava uma carga superior ao dobro da permitida e tinha menos água de lastro, que é captada do mar para garantir a segurança operacional da embarcação e sua estabilidade.

Nas últimas semanas, vários responsáveis pela empresa dona da balsa, Cheonghaejin Marine, foram detidos, enquanto uma investigação foi iniciada sobre a companhia que, constantemente, não respeitava o limite de carga de seus navios e é suspeita de envolvimento em casos obscuros de transações ilegais.