Um novo naufrágio deixou 41 imigrantes africanos mortos ontem no Mar Mediterrâneo. Na quarta-feira, outros 400 imigrantes que seguiam para a Itália morreram após o naufrágio de uma balsa; 150 foram resgatados. As tragédias chamam a atenção para a difícil situação dos países africanos e para as péssimas condições da travessia. Segundo a Guarda Costeira da Itália, 10 mil pessoas foram resgatadas em um mês.
O “êxodo” de africanos se intensificou depois da Primavera Árabe, como ficaram conhecidos os movimentos populares contra ditadores do norte da África e do Oriente Médio entre 2010 e 2011. Após a queda do ditador Muamar Kadafi, em outubro de 2011, a Líbia teve grande parte de seu território tomada por milícias radicais. O país é o principal ponto de partida para a Europa e atrai africanos de várias nações.
Segundo a Acnur, a agência da ONU para refugiados, aproximadamente 30 mil imigrantes do Norte da África chegaram à Itália em 2013. No ano passado, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 3 mil pessoas morreram tentando chegar à Europa.
A embarcação que naufragou ontem no Mar Mediterrâneo zarpou da capital da Líbia, Trípoli, com 45 pessoas a bordo. Quatro sobreviveram e foram resgatadas em alto-mar pelo navio Foscolari, da Marinha italiana. Ao chegarem ao porto de Trapani, na Sicília, eles disseram que a balsa desinflou logo após o embarque. Dois sobreviventes são da Nigéria, um de Gana e o outro do Níger.
Jogados ao mar
A polícia da Itália prendeu ontem 15 imigrantes que teriam jogado companheiros de sua embarcação em alto-mar por serem cristãos. A denúncia foi feita por sobreviventes da travessia, que foram resgatados e levados para o porto de Palermo. Eles estavam em uma embarcação com cerca de 105 passageiros que partiu da África no dia 14 de abril em direção à Itália.
As autoridades italianas informaram que os detidos são da Costa do Marfim, do Mali e de Senegal. Todos são acusados de homicídio múltiplo agravado por ódio religioso. “Os náufragos, muitos deles em lágrimas, explicaram que tinham sobrevivido não a um afundamen-to, mas ao ódio humano”, disse a chefia da polícia de Palermo.
Os tripulantes nigerianos e ganeses foram abandonados ao alto-mar. “O motivo das ameaças se centra na confissão, pelas vítimas, de um credo cristão, ao contrário do muçulmano professado pelos agressores”, acrescentou a polícia.
Pelo menos dez pessoas jogadas ao mar sobreviveram e foram resgatadas pela Marinha italiana. As testemunhas garantiram ter visto 12 pessoas morrerem afogadas, todos de nacionalidades nigeriana e ganesa.