O líder opositor russo Alexei Navalny, falecido em circunstâncias estranhas e controversas na prisão no último mês de fevereiro, morreu de “arritmia”, segundo a versão oficial, razão pela qual as autoridades “não vão abrir uma investigação criminal” sobre sua morte, declarou nesta quinta-feira (15) sua viúva, Yulia, citando um certificado do Comitê de Instrução russo.
"A morte ocorreu por... arritmia. E me diga, como descobriram essa arritmia durante a autópsia? É impossível estabelecer um distúrbio do ritmo cardíaco após a morte e Alexei não teve nenhuma doença cardíaca quando estava vivo", escreveu Yulia Navalnaya no site de seu falecido marido.
A viúva explicou que o resultado da investigação interna das autoridades lhe foi enviado meio ano após a morte de Alexei.
“Mostrei esse diagnóstico aos médicos que conheço e todos chegaram à mesma conclusão [...] Escreveram “arritmia” para poder escrever alguma coisa. Porque as pessoas não morrem assim só porque sim”, denunciou Yulia.
Segundo a viúva do falecido opositor, o diagnóstico oferecido pelas autoridades é “uma zombaria”.
“É mais uma tentativa bastante patética de esconder o fato de que o que aconteceu foi um assassinato”, destacou Yulia.
Além disso, denunciou que o Comitê de Instrução ainda não entregou à família de Navalny seus pertences pessoais, inclusive um crucifixo que o político usava.
"Isso tem apenas uma explicação. Apenas uma. Eles o mataram e agora estão tentando apagar ao máximo os vestígios", disse.
Navalny, ferrenho opositor do ditador Vladimir Putin e que sobreviveu a uma tentativa de envenenamento com o agente químico Novichok em 2020, morreu em fevereiro em uma prisão de segurança máxima na Sibéria onde estava desde o final do ano passado e onde cumpria uma pena de 19 anos, por conta de seu ativismo político, de acordo com defensores dos direitos humanos.
A viúva do líder opositor, que prometeu continuar sua luta, atribui a culpa pela morte de Navalny diretamente a Putin.
No último dia 4 de junho, centenas de apoiadores de Navalny cobriram seu túmulo em um cemitério de Moscou com flores em sinal de homenagem ao dissidente, que completaria 48 anos naquele dia.