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Navio balança e atrapalha busca por desaparecidos

A embarcação, de 114,5 mil toneladas, naufragou na costa da Itália | Andreas Solaro/AFP
A embarcação, de 114,5 mil toneladas, naufragou na costa da Itália (Foto: Andreas Solaro/AFP)

O navio italiano Costa Concordia balançou nesta segunda-feira (16) sobre as rochas onde encalhou e o mau tempo atrapalha a busca cada vez mais desesperada por 16 desaparecidos. Os proprietários da embarcação atribuíram a culpa ao capitão do navio, que teria se aproximado demais da ilha de Giglio, na costa oeste italiana, para "saudar" a população local, na noite de sexta-feira (13). A embarcação de 114,5 mil toneladas, que, segundo algumas estimativas, foi o maior navio de passageiro que já naufragou, deslizou um pouco sobre as pedras, ameaçando jogar toda a sua gigantesca carcaça e 2.300 toneladas de combustível para o fundo do mar, numa região que é uma reserva ecológica. O escorregão fez com que as buscas por sobreviventes fossem interrompidas durante algumas horas. O navio está virado de lado, com um grande rombo aparente acima da linha da água. Várias horas de caos se seguiram ao acidente, mas a maioria dos 4.200 passageiros e tripulantes conseguiu se salvar, inclusive 57 brasileiros. Até agora foram encontrados seis corpos.

Movimentos O porta-voz do corpo de bombeiros local, Luca Cari, disse que ainda há pequenos movimentos no navio, que não são considerados perigosos, mas levarão à interrupção das buscas noturnas. Outro bombeiro, Luciano Roncalli, disse à Reuters que todas as áreas não-submersas do transatlântico foram vasculhadas, o que indica que há poucas chances de encontrar mais sobreviventes no labirinto inundado e revirado de suítes, salões, quadras de tênis e spas. O ministro do Meio Ambiente, Corrado Clini, disse que pode decretar situação de emergência devido ao risco de vazamento de combustível no Parque Nacional do Arquipélago Toscano. Nenhum vazamento grave foi detectado até agora. Caso o mar agitado desloque o casco e o faça se romper ou afundar, ficaria virtualmente impossível fazer com que o Costa Concordia volte a navegar, como espera a empresa proprietária, uma unidade da Carnival Corporation, da Flórida. O navio havia sido construído há apenas seis anos, a um custo de centenas de milhões de dólares. O capitão do navio, Francesco Schettino, que foi detido após o incidente, nega que tenha havido imprudência na sua aproximação da ilha de Giglio, ou que ele tenha abandonado a embarcação, como acusa a promotoria italiana. Saudações Morador da ilha de Giglio, o pai do chefe dos garçons disse que seu filho lhe havia telefonado na sexta-feira para avisar que o Costa Concordia passaria rente à orla da ilha e buzinaria como forma de saudação. "O navio obviamente chegou perto demais", disse Giuseppe Tievoli, de 82 anos. A empresa Costa Cruzeiros informou que prestará toda a assistência necessária a Schettino. "Mas precisamos admitir os fatos, e não podemos negar uma falha humana", afirmou o executivo-chefe Pier Luigi Foschi. "Esses navios são super-seguros. É um fato excepcional, que foi imprevisível", disse ele, quase aos prantos. Foschi disse que os navios da companhia são proibidos de chegar a menos de 500 metros da costa de Giglio. Investigadores dizem que a embarcação bateu em rochas a apenas 150 metros da ilha. Schettino disse que estava na distância regulamentar, e que a rocha não constava nas cartas náuticas. Em nota, o advogado dele, Bruno Leporatti, disse que o capitão está "arrasado, perturbado e entristecido com a perda de vidas", mas considera que conseguiu salvar muitas vidas ao realizar uma difícil manobra de emergência com as âncoras depois do acidente, o que deixou o barco mais perto da costa. Foschi negou as acusações de que os passageiros não teriam sido treinados para abandonar o navio, onde ocorreram cenas de pânico e caos depois da colisão. Havia a bordo cerca de 1.020 tripulantes de 38 países, mas a maioria trabalha com alimentação e entretenimento, sem experiência específica com assuntos navais. O executivo chamou os tripulantes de "heróis" e disse que eles reagiram corretamente. "Tivemos de retirar mais de 4.200 pessoas em circunstâncias difíceis, então toda a operação levou mais de duas horas. A razão para isso é que a inclinação do navio não nos permitiu usar ambos os lados para retirar as pessoas."

Resgate O mar calmo desde sexta-feira vinha ajudando os trabalhos de resgate, mas nesta segunda-feira o vento virou, o mar começou a ficar mais agitado e há garoa. Os meteorologistas preveem que a situação ainda deve piorar. Um especialista em resgates que está em Giglio disse à Reuters, pedindo anonimato, que o navio está claramente se mexendo, depois de inicialmente ficar imobilizado nas pontas das rochas. O mar bravio pode deixar os destroços à deriva, o que seria "um grande problema", segundo ele. O barco está apoiado numa lâmina de cerca de 20 metros de água, mas pode cair a até 130 metros caso se solte das rochas. O bombeiro Cari disse que a equipe de resgate não consegue ouvir ruídos de possíveis sobreviventes dentro do navio semissubmerso. "Obviamente, quanto mais o tempo passa, menos possibilidade há de encontrar alguém com vida", afirmou.

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