O navio norueguês Sophie Siem deve partir na tarde deste domingo, 26, para a área de buscas do submarino argentino ARA San Juan, a cerca de 300 km do porto de Comodoro Rivadavia, na Patagônia. O minissubmarino que buscará a embarcação no fundo do mar se juntará aos sete navios que vasculham a região à procura de sinais dos 44 tripulantes da embarcação, desaparecida desde 15 de novembro.
A reforma no Sophie Siem, que com o auxílio de 40 metalúrgicos que trabalharam sem descanso por 72 horas, preparou a embarcação para a acoplagem do submarino, foi concluída antes do tempo previsto. O mau tempo na região das buscas, com ondas de até 3 metros e fortes ventos, prejudicaria a operação e a saída do navio de Comodoro Rivadavia teve de ser adiada.
Na madrugada, equipes de Marines americanos conseguiram concluir a instalação no minissubmarino no navio. Foram feitos testes também na grua que lançará o dispositivo ao mar. Pela manhã, os militares americanos que comandarão a operação de busca chegaram ao porto. Uma vez concluídos os trâmites burocráticos para a missão, o Sophie Siem deve zarpar.
Ao menos 14 países, entre eles o Brasil, participam das operações de busca. Novos boletins sobre o status da operação devem ser divulgados ao longo do domingo.
“O leito marinho é muito irregular e a área onde o submarino desapareceu tem muitos canyons”, disse o ex-comandante da Marinha Carlos Zavalla. “Será difícil encontrá-lo. Além disso, pela pressão exercida pela água a uma profundidade muito grande, a embarcação pode ter sofrido danos irreversíveis.”
Em meio ao atraso para o envio do minissubmarino americano, capaz de submergir até 600 metros, e de equipamentos mandados pela Rússia que podem rastrear sinais do ARA San Juan a uma profundidade de até mil metros, a imprensa argentina publicou indícios de irregularidades na reforma de meia vida do submarino.
Segundo o La Nación, uma auditoria do Ministério da Defesa em 2015 e em 2016 detectou irregularidades na compra das baterias do submarino. O Clarín publicou que a Justiça arquivou denúncias de irregularidade na reforma do San Juan.
As denúncias somam-se ao mal estar entre o governo e a cúpula da Marinha, em virtude do manejo da crise por parte da Armada. O contra-almirante Gabriel González, comandante da Base Naval de Mar del Plata, onde o submarino ficava ancorado e abriga parte das famílias dos 44 tripulantes, pediu para passar para a reserva em meio à crise. Caberá ao ministro da Defesa Oscar Aguad decidir se aceita o pedido. Uma investigação interna foi aberta para analisar se a resposta ao acidente ocorreu dentro dos parâmetros previstos.
Baterias. Segundo documentos obtidos pelo La Nación, a Marinha descumpriu parâmetros para a reparação de meia vida do submarino e a troca de baterias - antes da explosão do dia 15, a tripulação notificou o continente de um curto circuito nelas, que teria sido solucionado. O jornal sustenta que a compra de insumos para o submarino privilegiou alguns fornecedores e alguns deles foram comprados com a garantia vencida.
“O número de acidentes com as Forças Armadas na Argentina tem sido muito alto e isso tem a ver com a antiguidade dos materiais e a falta de recursos para mantê-los”, diz o analista Rosendo Fraga. “90% do equipamento militar do país tem entre 30 e 50 anos de idade. O ARA San Juan tinha 32 e era uma embarcação moderna quando foi comprada.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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