As cinco potências que integram o P5+1 (Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha, Rússia e França) e o Irã vivem um impasse horas antes de expirar o prazo para a assinatura de um acordo nuclear com a república islâmica. O prazo, que está atrelado à lei americana, termina oficialmente hoje, mas os dois lados não chegaram a um consenso a respeito do embargo à venda de armas para o Irã, imposto pela ONU.
As sete nações que negociam em Viena, na Áustria, têm de fechar o acordo para evitar um pedido de avaliação de 60 dias no Congresso americano, período no qual o governo de Barack Obama não poderia flexibilizar as sanções econômicas impostas ao Irã.
As potências querem que o Irã congele seu programa nuclear por dez anos e permita inspeções feitas por equipes internacionais. O governo de Teerã exige que as sanções sejam encerradas. As potências concordam em aliviar as sanções econômicas, mas não aceitam que Teerã possa voltar a comprar armas — o país teria um programa de construção de mísseis intercontinentais.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, sinalizou ontem que os diplomatas não concluirão o acordo no prazo. “Nós não vamos nos apressar e nem seremos apressados”, afirmou Kerry, rejeitando a pressão de diplomatas que temem que, com o prazo maior, haja o risco de o acordo ser rejeitado no Congresso. Outro risco é os iranianos retrocederem. “Acreditamos estar fazendo um progresso real em relação ao Irã. Estamos totalmente focados na qualidade do acordo”, ponderou Kerry.
O discurso do secretário de Estado dos EUA vai na mesma linha das declarações do chanceler iraniano, Javad Zarif, que quer evitar a pressa. “Estamos trabalhando duramente, mão não vamos nos apressar para fazer nosso trabalho”, afirmou. “Vamos ficar aqui o tanto quanto necessário”.
Menos otimista, o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse que ainda há “alguns pontos muito difíceis de resolver” com o Irã.
Nas últimas duas semanas, as nações estenderam duas vezes o prazo final. As potências temem que o Irã desenvolva uma arma nuclear. Teerã garante que seu programa é pacífico.