As reuniões desta segunda-feira (27) da conferência sobre a paz na Síria foram suspensas após nova discordância entre as delegações do regime sírio e dos rebeldes. Pouco antes, Damasco divulgou uma declaração em que não cita a possibilidade de um governo de transição no país.
Também está pendente a autorização da entrada de ajuda humanitária na cidade de Homs, onde também deve começar a retirada de mulheres e crianças, anunciada no fim de semana pelo enviado especial da ONU, Lakhdar Brahimi.
As negociações foram retomadas às 11h locais (8h em Brasília). Nesta manhã, a imprensa oficial síria reiterou o lema do regime. "A delegação governamental em Genebra 2 não partiu para a conferência para entregar o poder para aqueles que participam de um complô contra o povo". O texto irritou os opositores, que acusaram o governo de se esquivar da discussão sobre o futuro político sírio. "Hoje esperávamos começar a falar sobre uma nova Síria, sobre a transição da inanição para a liberdade, da tortura para os direitos humanos e o rigor da lei", disse o porta-voz da Coalizão Nacional Síria, Monzer Akbik. O plano de transição política é interpretado de formas diferentes por Damasco e pelos rebeldes, assim como pelas potências participantes. A oposição defende a queda de Assad para dar fim à crise política, ideia também respaldada por Estados Unidos, Reino Unido e França.
Do outro lado, o regime considera que o texto de transição prevê a entrada de membros da oposição no atual regime e a realização de novas eleições para a escolha de um novo líder, descartando a queda de Assad. A visão é compartilhada por Rússia e China que, devido a isso, bloquearam sanções da ONU a Damasco.
Ajuda humanitária
Enquanto isso, representantes das Nações Unidas se reúnem com funcionários do regime sírio para tentar liberar 12 caminhões levando ajuda humanitária para Homs. A oposição acusa o regime de querer dar os suprimentos apenas para aqueles que decidirem ficar na cidade, o que Damasco nega.
Os rebeldes também afirmam que não houve progresso na libertação de presos políticos. O vice-chanceler sírio, Faisal al-Miqdad, afirmou que a lista de prisioneiros enviada pela oposição era exagerada, enquanto a Coalizão Nacional Síria disse não ter controle em relação aos sequestrados pro grupos radicais.
Além do corredor humanitário, os negociadores discorreram ontem sobre os desaparecidos. As discordâncias fazem com que o evento que deveria discutir o fim da guerra civil tenha poucos avanços. Segundo a ONU, mais de 100 mil pessoas morreram em quase três anos de conflito.
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