A primeira rodada de negociações da conferência sobre a Síria terminou ontem sem nenhum acordo cumprido e com fortes divergências entre as delegações da oposição e do regime do ditador Bashar al-Assad. O enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Lakhdar Brahimi, sugeriu a retomada do diálogo em 10 de fevereiro.
Nos oito dias de negociações, as duas partes concordaram em enviar ajuda humanitária e retirar mulheres e crianças da cidade de Homs, na região central do país, além de mostrarem o compromisso com o documento da primeira conferência de Genebra, em 2012, que prevê o fim da violência e a transição política.
As medidas, no entanto, enfrentam o impasse entre governo e rebeldes. O comboio de ajuda humanitária da ONU, que chegou ao território sírio na segunda-feira, continua esperando um acordo entre o Exército sírio e as milícias armadas para permitir o acesso seguro aos suprimentos, que ajudariam 2.500 pessoas.
No carregamento, estão alimentos, produtos de higiene, medicamentos e acessórios para enfrentar as baixas temperaturas do inverno. Os confrontos também limitaram a entrega de ajuda aos refugiados palestinos do campo de Yarmouk, perto de Damasco, cuja população sofre com a fome e a falta de remédios.
Outro ponto de discordância é a transição política. Ao terminar a conferência, o ministro sírio da Informação, Omram al-Zoubi, disse que Damasco não fará concessões à oposição, que deseja a saída de Assad. Diante do impasse, as delegações iniciaram o debate do documento de Genebra pelo fim da violência.
Lakhdar Brahimi reconheceu que o início do diálogo foi modesto e que a negociação será lenta, mas destacou um avanço. "O grande passo dado é que as delegações se acostumaram a se sentar na mesma sala, apresentaram suas posições e ouviram uma a outra. Inclusive houve momentos em que aceitaram a visão da outra parte".