Pela quinta vez desde 2014, a oposição vai à mesa de negociação com a ditadura de Nicolás Maduro. E, até o momento, as perspectivas não são nada boas para a plataforma unitária liderada por Juan Guaidó.
O que está para acontecer?
Setores da oposição e o governo da Venezuela entraram na fase final das negociações antes do diálogo oficial que será realizado entre as partes no México, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Noruega, que faz a intermediação do processo. Segundo fontes envolvidas, as partes devem começar as negociações nesta sexta-feira (13).
Quem vai participar?
A princípio, uma delegação chavista, membros da oposição liderada por Guaidó e representantes da oposição liderada por Henrique Capriles, ex-candidato presidencial na Venezuela (dentro da plataforma unitária). O diálogo contará também com a participação de um enviado russo e de um enviado europeu como fiadores das comissões de Maduro e Guaidó, respectivamente.
Outras facções opositoras que negociaram com o regime no ano passado antes das eleições parlamentares não devem participar do processo, embora haja pressão do regime para isso, pois assim diluiria a representatividade de Guaidó.
O que eles querem?
Maduro impôs quatro condições: fim das sanções americanas e europeias à Venezuela; o reconhecimento por parte da oposição de todas as instituições políticas comandadas pelo regime; fim da “violência como mecanismo de coação usado por alguns elementos da direita e extrema-direita”; e que todos os setores políticos sejam incorporados ao diálogo.
Após o fracasso da tentativa de levante cívico-militar em 2019, a queda de popularidade de Guaidó e a resiliência do regime em se manter no poder, a oposição liderada passou a ver uma negociação com o regime como única saída para a crise que assola a Venezuela e deve ter um posicionamento mais pragmático. Seu principal objetivo é garantir eleições livres e justas para a presidência e legislativo.
O que esperar?
A balança de poderes está pendendo para o lado de Nicolás Maduro. Seu regime tem conseguido se manter no poder, apesar da pressão econômica internacional dos Estados Unidos e da União Europeia. Portanto, para o chavismo interessa a manutenção do status quo, mesmo que isso signifique a continuação das sanções.
A oposição conta com o apoio desses dois atores internacionais e tem nas sanções seu principal trunfo. Mas isso pode não ser suficiente para convencer Maduro a convocar novas eleições presidenciais e parlamentares. Protestos massivos, como os que ocorreram em 2019, poderiam ser mais uma forma de pressão que beneficiaria a oposição.
Alguns analistas mais otimistas consideram que, diferentemente dos processos de negociação prévios, o novo diálogo vai abandonar a metodologia de "nada está acordado até que tudo seja acordado", para que se possa construir um acordo integral, avançando gradualmente em questões políticas e humanitárias.
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