As negociações na quarta-feira entre o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o governo de facto (expressão da diplomacia para se referir ao governo golpista) sobre a saída de Zelaya do país, após passar quase três meses na embaixada brasileira, chegaram a um impasse por conta da questão do asilo ao presidente deposto.
As negociações, no entanto, atingiram um impasse por conta do status que seria concedido pelo governo mexicano a Zelaya. Enquanto o presidente deposto quer chegar ao país como "hóspede", o governo de facto exige que ele vá ao México como asilado político, o que o impediria de fazer campanha livremente pela sua volta ao país.
A saída de Zelaya acabará com as esperanças do presidente deposto de retornar ao poder e selará a vitória dos líderes do golpe que o derrubaram em junho.
Um político ligado a Zelaya disse que o presidente deposto deixaria o país e uma autoridade do governo mexicano afirmou que o destino dele seria o México.
Mas as negociações sobre a saída de Zelaya travaram por conta de divergências sobre se ele aceitaria asilo político no México.
"Está abortada sob as atuais circunstâncias", disse o ministro do Exterior pró-golpe, Carlos López, à TV hondurenha.
Soldados retiraram Zelaya de sua casa em 28 de junho e o colocaram para fora do país de pijama, gerando a pior crise política da América Central desde a Guerra Fria.
Mais tarde, ele retornou clandestinamente ao país e se abrigou na embaixada brasileira, onde passou a conduzir uma campanha, na maioria das vezes por meio da mídia local, pelo seu retorno ao poder.
Zelaya sofreu um duro golpe na semana passada quando o Congresso hondurenho votou que ele não poderia voltar ao poder. A decisão também foi um revés para os Estados Unidos, que buscavam mediar um acordo que incluísse o retorno de Zelaya à Presidência.
A administração de facto de Honduras quer que Zelaya receba asilo político em outro país, o que restringiria suas atividades.
Mas Zelaya rejeitou o asilo, preferindo um status que lhe desse mais liberdade para fazer campanha pelo seu retorno.
Ele disse a uma rádio hondurenha que quer ir ao México como "hóspede", mas "de maneira nenhuma isso é um pedido de asilo ou pedido para abrir mão do posto que detenho".
Honduras escolheu um novo presidente, Porfirio Lobo, em eleições realizadas em 29 de novembro, mas muitos países ainda não reconheceram a votação, embora ela estivesse marcada bem antes do golpe. Lobo deve tomar posse em janeiro.