O secretário-executivo do Painel das Nações Unidas para as Convenções Climáticas, o holandês Yvo de Boer, renunciou nesta quinta-feira (18) ao cargo. Boer ficará na função apenas até 1º de julho. Ele comandou as principais negociações na cúpula de Copenhague (Dinamarca), realizada de 7 a 19 de dezembro de 2009, mas não conseguiu consenso entre os temas prioritários envolvendo as grandes potências econômicas e alguns dos países em desenvolvimento.

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Um dos nomes cotados para substitui-lo é o do embaixador brasileiro Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe do Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty. Mas o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, evitou informar se há articulações para o diplomata brasileiro ocupar a função de Boer.

Amorim, reagiu com ironia ao ser abordado pela imprensa sobre a possibilidade de uma indicação do embaixador Luiz Alberto Figueiredo para a vaga que será deixada por Yvo de Boer na secretaria-executiva da Convenção do Clima das Nações Unidas.

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"Você está me dando essa ideia agora. Estou ouvindo pela primeira vez", afirmou Amorim, longo ao sair de um seminário internacional promovido no 4º Congresso do PT. "O embaixador Figueiredo é um negociador muito competente. Mas, se for pra lá, vai nos fazer falta", completou, com o cuidado de não sinalizar sobre o futuro do diplomata.

Considerado o mais preparado negociador sobre questões de meio ambiente e de clima do Itamaraty, Figueiredo liderou a delegação do Brasil na Conferência que aconteceu em Copenhague. Durante o evento, foi indicado um dos responsáveis pela elaboração da proposta de texto final.

Embora a conferência tenha resultado em fracasso, do ponto de vista das pretensões do Brasil, o diplomata brasileiro destacou-se no desempenho de suas atribuições.

Boer afirmou, de acordo com o site da Organização das Nações Unidas (ONU), que a decisão de abandonar o posto foi "difícil" e que vai se dedicar a partir do segundo semestre para um grupo de consultoria denominado KPMG e universidades. "Trabalhar com os meus colegas do Secretariado da Convenção em apoio das negociações sobre mudança climática tem sido uma grande experiência tremenda", afirmou ele.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou a atuação de Boer e afirmou ter sido informado de sua decisão há dois dias. Moon disse ter recebido a decisão "com pesar". "A contribuição de Boer durante este período crucial englobando as negociações em Nairobi, Bali, Poznan e Copenhague será lembrada. Ele será difícil de substituir", assinalou.

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Ao anunciar sua decisão de deixar o comando das negociações sobre clima, Boer reiterou a necessidade de esforços conjuntos internacionais. "O compromisso político e senso de direção para um mundo de baixa emissões são esmagadoras. Esta situação exige novas parcerias com o setor empresarial e agora tenho a chance de ajudar a fazer isso acontecer", disse.

Na semana passada, o secretário-geral da ONU criou um grupo de alto consultivo, liderado pela Inglaterra e Etiópia, que se destina a mobilizar o financiamento rápido para ajudar países em desenvolvimento e combater as alterações climáticas. "Os países em desenvolvimento precisam avançar o mais rapidamente possível em direção a um futuro com baixas emissões e prosperidade."