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Energia nuclear

Negociadores dizem que reunião com Irã em Genebra foi "detalhada"

O chanceler e chefe negociador iraniano, Mohammad Javad Zarif, em coletiva de imprensa após o encontro em Genebra | REUTERS/Ruben Sprich
O chanceler e chefe negociador iraniano, Mohammad Javad Zarif, em coletiva de imprensa após o encontro em Genebra (Foto: REUTERS/Ruben Sprich)

A primeira rodada de negociações nucleares entre o Irã e as potências desde a chegada ao poder de um governo iraniano mais conciliador terminou nesta quarta-feira (16) num clima de otimismo e com planos de novas conversas nos dias 7 e 8 de novembro.

As negociações, ocorridas na sede da ONU em Genebra, foram as mais "detalhadas" até agora, disse a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que tem mandato para negociar com o Irã em nome dos governos de EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.

Ao ler um raro comunicado conjunto, Ashton disse que as partes concordaram em que as discussões foram "substanciais" e se comprometeram a mantê-las em sigilo antes da próxima rodada, também em Genebra.

O chanceler e chefe negociador iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou que os dois dias de encontro foram "proveitosos" e poderiam "selar o início de uma nova fase nas relações [com o Ocidente]".

O ministro pediu aos interlocutores que adotem uma posição "equilibrada", numa aparente cobrança para que ocidentais respondam à altura concessões aventadas pelo Irã.

Norteada pelo objetivo de convencer o Ocidente a aliviar sanções econômicas, a comitiva iraniana apresentou ontem um plano em três etapas que propõe um cronograma para "restaurar a confiança mútua" antes da implementação das medidas esperadas para cada lado.

Embora detalhes da proposta não tenham sido divulgados, o Irã deixou claro que está disposto a fazer concessões importantes para provar que seu programa nuclear não visa à construção de um arsenal atômico.Segundo um dos principais negociadores iranianos, o vice-chanceler Abbas Araghchi, o Irã poderá aderir ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação (TNP), que submete signatários a inspeções nucleares mais intrusivas e com aviso prévio de apenas algumas horas.

Questionado por um jornalista sobre a adesão ao protocolo adicional, Araghchi disse nesta quarta-feira que a questão era parte das "etapas finais" da negociação.

O Irã é signatário do TNP, pelo qual é obrigado a permitir o monitoramento de suas instalações atômicas pelos inspetores da AIEA, a agência nuclear da ONU. O tratado, porém, permite a Teerã manter algumas informações em sigilo e supõe inspeções agendadas com ampla antecedência.

A adesão ao protocolo adicional do TNP era uma exigência importante do Ocidente na busca por um acordo que, segundo todos os envolvidos, deverá permitir a Teerã manter atividades nucleares para fins medicinais e energéticos.

A mídia estatal iraniana, que reflete a visão da cúpula do governo, disse que Teerã pode fazer outra concessão importante: suspender o enriquecimento de urânio a 20%, nível de pureza que, em tese, permite alcançar os 90% necessários à fabricação da bomba.

Segundo a Associated Press, Teerã também ofereceu fechar parte das centrífugas usadas para enriquecer urânio.

A república islâmica disse que pretende pôr fim ao impasse nuclear num prazo de um ano.

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